quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

adse? comecei a levar no sim-senhor desde 1966

meu tio, fernando borges gouveia, que foi director geral-adjunto das contribuições e impostos, foi quem me orientou nos primeiros passos legais quando saí dos açores cuidando ser para sempre. a inscrição na instituição  adse custava ao tempo (1966) 17$50 por mês. era dinheiro na altura. permitia segurança na saúde a todos os que livremente aderiam àquele sub-sistema. a mensalidade foi subindo até começar a doer. depois, os democratas abrilistas sem mais aquelas tornaram-na obrigatória e mandaram-na rapinar a quem aderira ou não desde que fosse funcionário público. numa determinada altura já descontava 1.000$00 mensais e precisei do apoio da adse. ora vejam o que aconteceu. eu e minha mulher descontávamos por ano 24.000$00. ela precisou do serviço de parto. como na altura os hospitais eram uma vergonha medieval e havia aquela sensação de insegurança optou por fazê-lo numa instituição semi-privada. preço igual a 15.000$00 (1979). recorri à adse? sim! resposta: deram-me de esmola 2.000$00. ó seus filhos de uma grande puta!, então chupam-me 24 contos de reis todos os anos e quando eu preciso de apoio na saúde mandam-me apanhar no cu? este país é um país de chulos e de ladrões. ah, e de corruptos instalados na assembleia da república segundo acusação do prof. paulo morais do norte. há semanas, senti-me mal pois estava a sofrer de uma cólica renal e antes que desse o segundo gemido a mais - no hospital de santa maria em lisboa - chuparam-me 20 euros. puseram-me numa sala cheia de vítimas conversadeiras e eu que me fodesse com dores. fugi de lá! certo dia precisei que me operassem às varizes (açores). que sim, mas tinha à minha frente uma espera provável de dois anos. noutro dia, sentindo-me mal do coração fui parar ao hospital dos lusíadas lisboa (2011) que me tinham dito fazia uma parceria com o estado. três horas depois paguei 75 euros. tinha um problema num braço e pedi uma consulta no mesmo parceiro do estado. venha daqui a 29 dias se faz favor... olhe, fui a um médico da privada meu primo e amigo e fui operado de graça. porém tive de ir aos açores para que deixasse de padecer de dores. uma passagem aérea custa cerca de 300 euros... depois de ter sido operado telefonei para o hospital a desmarcar a consulta. está: sim!  eu queria desmarcar uma consulta. meu nome é tal e tal e está marcada para o dia tal. já não tem dores? sabe, já fui operado. oh! pois, é que se calhar a esta hora já não tinha braço. mas a melhor que me aconteceu foi no hospital de ponta delgada também designado de espírito de deus. sofro do coração desde os 17 anos e por isso não fiz serviço militar. bem, estava eu sentado numa cadeira de rodas à espera de ser atendido e de repente passa à minha frente  e de outros pacientes um bêbedo a gritar. resultado? foi atendido em primeiro lugar. virei-me para o pessoal de serviço e disse num tom de gozação tipo zoo: se é para morrer aqui sentado prefiro morrer em casa deitado. não é bem assim, responderam-me. percebi então que para se ser atendido pela grande merda que é o serviço nacional de saúde é preciso ou ser-se violento ou ter lá dentro amizades. na minha opinião, acho que o serviço nacional de saúde já devia ter sido modificado. médicos e enfermeiros ao serviço do estado deviam ter a mesma postura dos professores: servir e somente servir. quem quiser enriquecer que vá para a privada mas desista por completo dos hospitais públicos. depois é preciso separar os doentes portugueses. e aqui é que a coisa aquece. o povo olha os hospitais quais pastelarias onde se vão servir e dar dois dedos de conversa. eh pá, mal abre um hospital e logo uma montanha de  doentes à portuguesa enxameia as salas de espera. mas que raio de  gente doente que estava à espera para invadir os hospitais! por onde andaria? em romaria? a encher a pança com tudo que apanham. depois quando de facto há doentes que precisam de determinados tratamentos lá temos a comunicação social a organizar peditório a fim de salvar uma criança que só no estrangeiro terá cura. mais, quando é preciso um medicamento mais caro as administrações hospitalares não autorizam o seu pagamento. os corredores dos hospitais estão transformados em enfermarias cheias de velhos e velhas que não têm casa para se despedir rodeados  de família deste planeta. claro que nem todos os velhos  são como eu que prefiro morrer em casa e na cama em vez de num corredor dos zoos hospitalares portugueses. a quem convém transformar os hospitais no caos? há gente que aprecia e muito a competência que lá encontra. pois é, vêm de lá carregados de remédios e muito aliviados psicologicamente. depois, os velhos e velhas bananas enquanto não se enchem de medicamentos não se sentem tratados. isto está metido na cabeça dessa gente para benefícios de outros e não há nada a fazer senão correr com eles dos hospitais. o que eles precisam é de uma boa sacristia para deixarem de entupir as unidades hospitalares o que custa um dinheirão. o estado pode muito bem tratar da verdadeira doença de todos os que se encontram mal. mas estar a tratar  coisas insignificantes que fazem emperrar a eficiência é que não. como se pode compreender que seis desgraçados entrem a ver no grande hospital de santa maria e saiam cegos depois de tratados. a verdadeira doença é tratada com a leveza com que se faz um penso depois de um tombo na rua por via de uma bebedeira. antes desta corja estar a cortar nos apoios à saúde devia era criar um sistema higiénico que tornasse o serviço nacional de saúde eficiente e não um grande balde de merda. era simples, em vez de colocarem administrativos a atender os doentes coloquem os médicos e os enfermeiros nos primeiros contactos. é que para se chegar até a um médico ou se espera indefinidamente numa sala de urgência ou se vai para uma fila onde o mínimo são seis meses de espera. depois há algo que dá para gritar: para se entrar em medicina é preciso obter notas perto dos vinte valores. quer dizer que um marrão pode ficar à frente de alguém que tenha de facto motivação para servir o próximo em melhor condição e não veja na profissão uma caixa de multibanco. este serviço nacional de saúde é o espelho do nosso viver. é uma espécie de recta viária onde todos os dias se morre e nem mesmo com a presença da polícia na estrada as bestas seguem as regras. ah, mas se nem o governo cumpre com a lei fundamental...
manuelmelobento

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