terça-feira, 23 de agosto de 2011

portugal e a independência dos açores e o que aconteceu à líbia













com o golpe de mão congeminado por um grupo de militares no ano de 1974, portugal desfez-se. ninguém desconfiaria que uma pequena revolta de oficiais não superiores pudesse depor um governo fortíssimo que se apoiava nas altas patentes das forças armadas, numa comunicação social servil, numa igreja imperialista, num capitalismo modesto e sobretudo na falta de objectivos da população. 64 anos depois da instauração do regime republicano, fortemente caracterizado por turbulência e homicídios políticos, voltámos ao mesmo. realce-se o facto de ter havido muito poucas mortes em relação a 1910. todo o mundo veio para a rua festejar o que cada um tinha dentro de si. dado que os portugueses tipo eram analfabetos em termos políticos não se podia esperar mais deles. gritavam uns atrás dos outros numa pura imitação. o pior foi quando regressaram mário soares e álvaro cunhal que viviam no estrangeiro como refugiados. o primeiro - que tinha sido comunista - era um francês de mentalidade, enquanto o outro era um fanático defensor das ideias da "ameaçadora" ex-urss. mário soares sabia que se se juntasse a cunhal aconteceria uma de duas coisas: uma guerra civil paga pelos americanos ou uma ditadura comunista com cunhal à frente depois de ter o liquidado. sim, havia por ali os social-democratas e os democratas-cristãos, mas não tinham expresssão naquela época. nos açores, a conjuntura fascista caiu com um atchim. os esquerdas barriguistas - não havia outros - tomaram conta da situação e não tendo ideias próprias actuavam por imitação do que se passava no continente. só que os açorianos não podem ir de salto para espanha, frança, etc. só que os açorianos viviam para a religião cristã e suas orientações mitológicas e milagres. só que os açorianos - em termos de política - eram menos cultos que os hopi. só que os açorianos tinham medo dos comunistas como o diabo de putas velhas. só que os açorianos vivendo rodeados de mar por todos os lados e cheirando os tremores de terra durante o ano inteiro..., etc. isto é, não queriam ouvir falar nem de socialistas nem comunistas, nem tão pouco de os ver ao longe quanto mais ao perto. à volta da igreja e de alguns acólitos gerou-se um consenso de rejeição às novas ideias libertadoras. desse consenso saiu um comportamento de ordem física que actuava como reacção ao novo poder dito de esquerda. voltemos para o continente. soares é sondado por espiões - que trabalhavam a soldo dos eua - para se definir. esta definição leva tempo, pois no interior do ps havia quem quisesse oferecer uma via socialista à vida dos portugueses. soares - muito burguês - não aceita e parte dos esquerdistas mais ou menos verdadeiros saem do partido. saltemos novamente para os açores. americanos dão via verde aos que não alinham com o socialismo nem com o comunismo. esta via quer dizer: apoio em dinheiro e armas. sim! houve armas e dinheiro para os que não aceitavam o novo poder português anti-americano. no continente, como sempre cheio de gente estúpida que ignorava a vida insular, começou a chamar-se de separatistas aos que não queriam nada com comunistas. que eram os padres e os anticomunistas primários. ah, e os que foram feitos à imagem do estado novo (não havia outra saída). o apoio dos estados unidos era - como não podia deixar de ser - encapotado, por causa das dúvidas, está claro. numa pincelada rápida, é bom referir que os esquerdas dos açores, na altura, passaram por certos arrepios. queimavam-lhes as viaturas, as sedes e outros copianços à imagem dos reaccionários continentais. chegámos ao ponto de preparar a independência (de acordo com os americanos, convém recordar) tal como aconteceu com os outros territórios portugueses libertados. independência pró-américa e só para americanos, era a independência açoriana. tínhamos tudo. só faltava a marcação da data do acto. voltemos novamente para o continente. mário soares obedecendo aos americanos - depois de correr com os tais socialistas verdadeiros - ajoelha perante a igreja e arrecada o apoio de uma grande parte da população para reagir contra os pró-soviéticos e possíveis novos ditadores (cunhal seria o ditador número um). vai daí, grita pela liberdade e contra cunhal perante centenas de milhar de cristãos amedrontados. fá-lo numa das grandes praças de lisboa, estrategicamente localizada para confluenciar malta de rua. sim senhor! soares é pró-americano com provas dadas. o mr. carlluci - o embaixador espião da cia encarregado para tratar de portugal - só tem que congratular-se. voltemos aos açores. e agora separatistas? com a volta de soares e seus companheiros ao capitalismo, já não havia necessidade de defender a fronteita atlântica da américa em meia dúzia de ilhotas. portugal tomara juízo capitalista e pronto: era a vitória yankee, isto é, a democracia americana no seu melhor tinha papado portugal e a base aérea 4 = açores. calai-vos seus açorianos reaccionários gritaram em coro carlluci e soares. e foi assim que os açorianos ficaram a falar sozinhos: deixaram de ter importância para os cowboys. embora o germen do independentismo tivesse criado raízes intelectuais, foi o desastre. o separatismo açoriano se um dia resolver dar de si é como aquele estouvamento dos capitonetes do 25 de abril de 1974. vejamos, o que estava preparado no caso de mário soares não se ter convertido ao dóllar. estão a ver o apoio da nato aos poucos revolucionários (no início, claro) que tiraram o kadhafi do circuito do petróleo e do dinheiro do estado líbio? meia dúzia de rebeldes aguardam o resultado dos bombardeamentos aéreos dos "aliados". depois, com os inimigos (?) já mortos... aquilo é que é dar tiros para o ar a vitoriar os heróicos acontecimentos. os separatistas açorianos contavam com o apoio dos marines para se libertarem dos comunistas. mas atenção, tinha havido anteriormente mortes num recontro entre as forças legais do ocupante (neste caso portugal ) e as forças separatistas (reacionárias açorianas). morreram 16 açorianos da parte dos revoltosos. tudo isto é para criar ambiente e ódio ao país patrão. embora imaginária a cena, era o que estava preparado nos bastidores. dar-se-ia como é óbvio a vitória dos revoltosos pró-liberdade uma vez que os portugueses, como comunistas convertidos, estavam a favor da ditadura de estado e da urss. quanto à independência da madeira. não estava lá. nada posso dizer. aliás, nem sou historiador sequer. sou um comparacionista, quando muito. o pior de tudo é quando as independências têm o dedo dos estados unidos. nada fica em pé. é tudo terra queimada. depois - se chover - nasce uma ditadura pró-americana. fujam, vêm aí os defensores da democracia planetária.

ps: entretanto, diz-se que kadhafi estaria preparado para auxiliar materialmente os independentistas açorianos e que tinha desistido porque fora aconselhado pelo capitonete otelo para que se deixasse disso, pois a independência dos açores só serviria os interesses dos estados unidos. nada mais parvo. os açorianos estiveram de facto em contacto com o líder líbio. só que as condições que ele exigia para nos ajudar eram de ordem mafiosa. os açores já dão de mamar a muito filho de puta. mais um não podia ser. além disso, qualquer burro sabe que a zona dos açores é território norte-americano. têm dúvidas? tentem fazer algo contra a américa por aquelas bandas e vão ver como elas lhes mordem.



mmb

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