sábado, 8 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS NA REPÚBLICA DOS ROBALOS


José Manuel Coelho - o aristofânico candidato às eleições presidenciais mais rodilhentas de que há memória - deu ontem uma entrevista no canal do Estado e que teve como entrevistadora uma jornalista que desconhece a Cultura Clássica. Nunca deve ter lido Aristófanes, daí não ter retirado do senhor Coelho senão o caricato que ele à primeira vista quer dar a conhecer. Coelho é um candidato do povo e fala uma linguagem simples mas rica de conteúdo. É verdade que o que ele disse que sobressaísse do seu programa foi o que dona Judite Sousa permitiu. O homem é um candidato de direito próprio, daí que a jornalista devesse ter levado a entrevista para o plano das posições futuras de um putativo presidente. Não, dona Judite foi construindo o risível e aquilo que faz com que os telestúpidos não mudem de orientação de voto. O teatro é uma realidade muito forte que serve para não só distrair como cultivar os que são pouco afeitos a ler. De todos os candidatos que até agora surgiram espremidos pelos mídia este senhor Coelho pareceu-me o mais genuíno e honesto. Apresentou-se quase sem máscara no proscénio da ágora portuguesa e irradiou simpatia. O que disse foi de uma crueza imensa. Só que a "humanidade" portuguesa está muito mais habituada à mentira do que à verdade. A mentira faz carreira, ao passo que o que é verdade não serve a não ser para o confessionário e mesmo aí tenho as minhas dúvidas. Eu não voto nas presidenciais e se o fizesse escolhia Coelho. Coelho dá-me aquela ideia dos Presidentes da Primeira República que andavam de eléctrico por Lisboa. Gente humilde que foi enganada e engolida pelos tubarões que são tão eternos quanto os diamantes. Até agora tivemos como candidatos uma espécie de corretor da bolsa, um poeta sem dimensão de Estado, um comunista-múmia dos tempos modernos, um submarino do PS armado em espadachim fiduciário e um médico com ar sonolento que devia estar a tratar doentes. Bem, até que está certo. É o que temos.
mmb

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