terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A COMISSÃO PARLAMENTAR DÁ O TOM




O melhor a fazer é tapar os ouvidos para não nos dar um baque e cair para o lado. Metade dos portugueses é feita tola pela outra metade. Entenda-se o seguinte: Portugal é um país capitalista integrado numa economia de mercado; Portugal é um país "inclinado" para o socialismo: o artº.9 da Constituição Portuguesa, (Tarefas fundamentais do Estado na sua alínea d) diz o seguinte: "Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais;)" Só um tolo faz esta afirmação dicotómica. Mas é assim mesmo. Isto é, Portugal integra um grupo de países que comungam a ideologia liberal e ao mesmo tempo arma-se em país socialista do tipo das repúblicas do Leste. Hoje, foi de gritos ouvir um deputado brigar com o Administrador da Groundforce acusando-o de estar a despedir pessoal. O bom homem da economia de mercado parecia um rico nos dias 26 de Abril de 1974. Apesar de bom aspecto o capitalista parecia estar com ar compungido. "A empresa estava a dar prejuízo..." Eu já tenho uma certa idade, por isso não sei se estarei a ficar bacoco. Parece que o 25 de Abril da drª. Isabel do Carmo ainda tem uma sala no Palácio de São Bento. E o deputado de voz alterada vituperiava o esclavagista moderno. Parecia mais um porteiro de clube nocturno a bater em cliente embriagado do que propriamente um parlamentar português. Umas vezes a classe política fecha os olhos às centenas de falências diárias que batem à porta das pequenas e médias empresas, por outro lado cobre os prejuízos das trafulhices de uma outra classe política. Senhor deputado, diria eu se fosse o tal empresário, ou paga os nossos prejuízos ou vai para a puta que o pariu. Se calhar queria ver-me no Rossio entre os sem-abrigo. Ora, porra! Bem, por outro lado, se eu fosse o deputado teria dito assim, sem mais nem menos. ( Até porque estaria armado contra a reacção.) Viva a luta de classes! Ora toma: PUM! PUM! Claro que não vou pedir ao constitucionalista de voz rouquenha que pertence ao anedotário alfacinha para interpretar a Constituição. E porquê? Porque o velhinho de pescoço à banda faz sempre uma certa interpretação de uma Constituição imaginária que ele tem dentro da cabeça. Aliás, é esta interpretação que serve à classe política quando é preciso divagar nas campanhas eleitorais. Na realidade, Portugal está entregue à bicharada. Ninguém se entende. Melhor, ninguém entende o Portugal.

mmb

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