quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

PORTUGAL TEM DE ENFRENTAR ANGOLA COM A NOVA TRINDADE: CONSCIÊNCIA, CULTURA E JUSTIÇA

Pode-se atar a Política, a Religião, a História de um povo a uma corda e suspendê-los do alto de um penhasco até estarem cozidos da melhor maneira. Só não podemos fazer o mesmo à Cultura. O Povo Angolano de África foi sujeito a todo o tipo de ações repugnáveis da parte de quem o colonizou. Declaro, para já que não cumpri o serviço militar, logo não estive em nenhuma Guerra Colonial. Tive sorte porque na altura da inspeção sofria do coração. Se faço referência a Angola é porque leio e ouço bastantes comentários sobre o que lá se passou, assim como o que lá se passou desde que as nossas caravelas "descobriram" aquela região da costa ocidental do continente africano. "Fomos para as descobertas para levar a palavra de Deus. " Dizia-me a professora de História para quem Deus se chamava Cristo." Papei essa informação e a do Pai Natal até deixar de ser parvo. Coisa que foi muito difícil para mim aceitar tais coisas como mentiras eu que não passava de um ingénuo. O facto é que fomos para lá (e para outras paragens) por causa das riquezas e da ganância que toca a todos. Claro que nem todos os povos dados a descobertas se portaram da mesma maneira. Nós fomos melhores do que os criminosos súbditos de Leopoldo Rei da Bélgica e do Congo Belga. Porém, cometemos crimes de todo o tipo. Matámos, roubámos terras, vendemos homens e mulheres angolanos em quantidades industriais. Tratámo-los como animais irracionais. Também fizemos coisas bem feitas, como por exemplo, termos abandonado o território colonial deixando atrás aquilo que não podíamos transportar para Portugal, como sejam, por exemplo, casas, instalações industriais e comerciais e outras riquezas que foram devolvidas aos seus legítimos donos.  Dessas ações condenadas até pela Organização das Nações Unidas nunca fomos acusados nem levados ao Tribunal de Haia (Tribunal Internacional de Justiça onde têm ido parar criminosos de todo o mundo) para sermos julgados. À volta de 6.000.000 de autóctones foram levados, como mercadoria, para o Novo Mundo. Quem dominava a política de transporte éramos nós. Muitos dos atuais angolanos, senão quase todos tiveram algum antepassado que fora escravizado, chicoteado ou até enforcado por não ter conseguido produzir tantos quilos de algodão, como rezam os textos escritos por testemunhas do tempo. Saltemos: perseguido pela justiça portuguesa está um ex-vice-Chefe de Estado Angolano. Dizem os meios de comunicação social, que Sua Excelência corrompeu um magistrado português que tinha  procurado  arquivar o processo entregando-lhe quantias fabulosas. Tratou-se da compra de um apartamento de sonho. Não sou eu quem vai ensinar a justiça portuguesa  a comportar-se nem tenho de a criticar. Mas,  perante um caso  de tal envergadura em que a História e a Cultura estão envolvidas, parece-me que não pode ser analisado isoladamente. A Cultura também é Justiça. E  Cultura também se torna Justiça. "Lá por meu avô ter feito fortuna no mercado esclavagista, vou ter de devolver o que me coube da herança de meus pais que me transmitiram o que dele (avô) receberam? " A lei está do lado dessa pessoa dado que aquele negócio era legal na época  e era também abençoado por Deus (segundo diziam os seus ministros). E, quem de tal duvidasse estaria a contas com a Inquisição. Salvo seja, que era verdade! Devolvo ou não? Não tenho de devolver nada, diz o herdeiro de si para si. E devolver a terra roubada aos índios das Américas? É tudo uma questão de Cultura Moral. Devolves ou não? Indemnizas ou não? Águas passadas não moem moinhos, pois, mas e a Cultura de Consciência? A Consciência tem Cultura, desta que aqui referimos? Não sei! Talvez apareça algum maluco que queira criar uma nova trindade como a muito rendosa do Pai, Filho e Espírito Santo. E qual seria? Consciência, Cultura e Justiça!

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