sábado, 27 de fevereiro de 2016

já estivemos mais longe daquilo que se poderá chamar de o nosso sofrimento coletivo

o nosso sofrimento coletivo aproxima-se a passos rápidos. dir-se-ia que estamos a caminho de um impasse social. quando começaram os despedimentos, deste e daquele, estávamos longe de adivinhar despedimentos em série. presentemente e segundo informação dos meios governamentais (o que sugere suspeitas pois há que tudo fazer para deter alarmismos fundamentados) andam à volta de 577 os próximos a sofrer de despedimento. não são operários de uma industria qualquer, coisa "normal" numa sociedade que se rege por uma economia de competição desenfreada, trata-se sim de bancários que estão a ser postos na rua dos seus locais de trabalho. ora o sintoma que aponta para o descalabro económico é quando a banca soçobra. é que a banca é o motor de todo o desenvolvimento. é ela que possui os meios para fazer o mundo girar. estamos perante sintomas que apontam para o caos social  ou estamos a ser absorvidos por economias mais fortes? as duas coisas. não é preciso explicar creio eu. a perturbação e o terror social estão a ser abafados pelo complot que tem existido neste falso  período de paz entre uma certa cadeia jornalística e o governo. convém não alertar cá dentro para além do ponto fóvea da miséria geral que bate insistentemente à nossa porta. também não é preciso dizer que a ex-nossa banca está de rastos e a venderem-se unidades de referência que estão a cair nas mãos de grandes grupos estrangeiros. o último berro da fome foi a venda a espanhóis (os chineses estão também por detrás) do banif. como é isto possível tendo nós um banco de portugal e um governador? banco de portugal não existe. o que existe é uma entidade que é gerida politicamente e não profissionalmente. quanto ao governador, devemos dizer que não governa (ou o governador é outro). tanto  é assim que  instado a demitir-se pelo primeiro-ministro teima em manter-se  no cargo. não saio! isso pode? claro, deve estar bem calçado e ter por detrás  de si a imensidão de credores que nos estão a transformar nos novos escravos de gravata mas  que utilizam viatura para de deslocar para os locais de trabalho. não é mau! apesar de tudo por termos assentado a nossa vivência num individualismo pantanoso ainda não nos habituamos a pensar coletivamente. neste caso, sofrer coletivamente. somos tão individualistas que nem sequer queremos sentir o sofrimento em comunidade. sofrimento coletivo? isso é coisa dos ingleses quando os alemães, no tempo da segunda guerra, bombardeavam londres com as suas V2. estou a exagerar. o nosso povo no século xiv saiu à rua - cheio de sofrimento coletivo -  para contestar politicamente contra o arranjinho sexual que havia entre o rei dom fernando e uma senhora muito bonita que fora  casada com um fidalgo, a quem ele, dom fernando,  obrigou a afastar-se para poder dormir com ela oficialmente. o nosso povo, cheio de sofrimento coletivo, revoltou-se contra este atentado ao pudor nacional.  depois, a tal senhora, uma vez feita rainha, acabou por mandar enforcar alguns dos moralistas cabecilhas da revolta que até de aleivosa a chamaram. isto diz-se seu  fernão vasques, alfaiate  e   bisbilhoteiro lisboeta? e lá ficou o desgraçado a balouçar à la foucault na corda da justiça dos ricos.  sofrimento coletivo? porra! aperta e dói muito!
varett


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