quinta-feira, 24 de abril de 2014

acabar com o regime autocrático e autista que nos governou durante 48 anos leva-me a saudar o golpe de 25 de abril de 1974

o antigo regime caiu devido a um movimento de oficiais que desligado do comando  das altas patentes militares tomou de assalto pontos essenciais de governação da vida da nação portuguesa. ponhamos de parte as diversas acusações muitas vezes sem justificação  que a esses oficiais revoltosos são atribuídas e procuremos ser honestos na análise, coisa que por vezes não sou devido a colocar nas palavras cargas de sensibilidade. porém, tentando fugir ao erro, aqui vai: desde logo,  na madrugada desse dia longínquo de 74 se sentiu que o regime tinha caído. mas nada estava definido para os espetadores ou interessados na coisa páblica, uma vez que o golpe era obra de militares. se calhar, diziam alguns, era a extrema-direita a tomar o poder para corrigir os destinos do país, uma vez que marcelo caetano ainda cheirava  a primavera marcelista (perigoso esquerdista pela leitura dos extremistas, claro está. sabia-se que estivera preso ou coisa parecida às ordens do almirante thomaz, presidente da república e um ultra dos mais duros). aos poucos fomos tendo conhecimento de como o general spínola -  tornado figura grada na vitória militar - estava feito democrata e apertado pelos militares revoltosos todo ele era um "aberta". e aqui ficámos gregos. então os militares fazem cair um regime ditatorial e entregam a representatividade nacional a um heróico guerreiro colonialista tão direita quanto o senhor cardeal cerejeira? que é isto? bom, os revoltosos - por formação - não eram homens de cultura nem tratadistas de política. se o fossem, esse recheio intelectual tê-los-ia levado a pensar nas várias hipóteses consequentes. explico-me melhor: nem os revoltosos estavam a pensar que comunistas ou até mesmo socialistas viessem substituir os ex-governantes nem que uma onda maluca envolvesse toda a gente. não havia comunistas nem socialistas em portugal em quantidade suficiente para pensarmos neles como alternativa ao poder. esse pensamento só existia na cabeça de uma minoria. podia-se contá-los pelos dedos. ah, e os que havia estavam presos em caxias  e não passavam de uma trintena. o número de  presos em caxias somava 78... o pior foi quando alguns dos revoltosos se aperceberam que tinham de ser eles a governar. é que logo a seguir ao golpe os militares aceitaram que se constituísse um governo chefiado por um civil (palma carlos, um republicano dos duros mas muito culto). foi o começo da loucura, quando ele se demitiu. pouco tempo depois tiveram de entregar tudo, mas tudo nas mãos dos seus camaradas de armas. à frente de todo e qualquer organismo tinha de lá estar um militar. eanes, por exemplo, foi nomeado diretor da rádio televisão portuguesa. ministro da educação um militar, imagine-se. esqueci-me do nome dele. lembro-me de que usava uma perinha. ah, já sei: vitor alves. como o número de militares não era infinito, na falta deles toca a colocar os nóveis comunistas na frente até de bancos... estes foram nacionalizados, obviamente. eh pá, em certa altura estava tudo na mão de militares e/ou comunistas! numa leitura de direita: um inferno. numa leitura marxista: conquistas de abril (adapatadas para: "o poder para operários e camponeses, soldados - rasos - e marinheiros - praças" ). fazer uma revolução para isto? vá lá, acordaram a tempo alguns revolucionários e os militares dividindo-se  guerrearam-se. ganharam os moderados pois sabiam que mais dia menos dia não havia dinheiro nem para o arroz das cantinas da soldadesca. e vencimento certo e a horas - como estavam habituados - passaria a ser sonho. os militares, de susto em susto, foram obrigados a aceitar o retorno do regime parlamentarista encapotado de democracia. só duas palavras sobre o regime que está entre nós a mandar-nos para um fim tipo 1926. é no parlamento - com aquela gente - que se cozinha o futuro de portugal. é verdade que o presidente tem assento em belém por um período de 4 anos, mas a verdade é que ele é "arranjado" no parlamento. a diferença entre estes e a velha república é o tempo que levam para serem chutados dos lugares que ocupam. bem, voltemos aos militares de abril. foi debaixo da sua vigilância que se "construiu" a constituição de 1976. rumo ao socialismo à portuguesa! ainda imberbes na velhacaria política regressaram aos quartéis e isto depois de cumprir o ideal de abril. missão cumprida! engano seu. enquanto se ponham a fazer contas e a arregimentar promoções a que tinham direito, a cambada que tomou o poder subjugou a constituição a tratos de polé  e fez dela uma meretriz do capitalismo selvagem. os militares estavam a dormir na forma quando a constituição foi desrespeitada. quem a jurou não a respeitou. deviam ter saído dos quartéis e fazer respeitar os desígnios constitucionais. saindo dos quartéis para fazer respeitar a lei não era nenhum ato possidente. era uma tarefa nacional para defender o direito constitucional. mas qual quê? os civis que agora dominavam os dinheiros públicos encheram os militares com honras, vencimentos higiénicos, promoções malucas (havia 38 almirantes para cada barcaça). enfim, os militares amoleceram. e isto fez com que as quadrilhas que se infiltraram nos partidos ficassem com as mãos livres para a pilhagem. hoje, alguns militares sentem na pele os seus erros. não é só fazer uma revolução. é preciso estar vigilante e atuante. o povo agradeceria. a ideia de serviço público satisfazer-se-ia nas suas vertentes sociais de saúde, educação, segurança social. fingiram as quadrilhas do poder económico que nos regozijássemos com esses benefícios e nelas (quadrilhas) acreditássemos. foi o tempo em que se cozinhou o assassinato da constituição: a nossa constituição que representava a nossa libertação. a libertação dos vampiros que tudo comem e que tão bem cantando  o zeca afonso denunciou. aos militares de abril devemos agradecer-lhes o fato de nos terem aberto as portas da liberdade. esta foi meia tarefa. a segunda é pedir-lhes que façam cumprir a constituição. obrigar  os políticos a cumprir a lei fundamental não é nenhum ato fora da lei. é um imperativo moral nacional. saiam dos quartéis reponham a legalidade constitucional. não querem sair dos quartéis para não serem acusados de abusos antidemocráticos?, perguntem ao povo através de escrutínio /consulta popular registável nas urnas se devem intervir nesse sentido. iríamos registar a cara com que ficariam ao ser corridos porta fora dos ministérios e parlamento.  é para isso que somos democracia. ou esta só serve para através do voto fazer manter os tachos de certo tipo de gente?
manuel melo bento 

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