terça-feira, 22 de abril de 2014

não se sabe ainda a quem dar parabéns pelos 40 anos do golpe de 25 de abril de 1974 . onde eu estava na altura? explico mais a baixo. e era coisa boa!

uns chamam-no de a revolução dos cravos, outros, golpe de estado, outros ainda, ai as minhas pratas, etc e tal que para cada cabeça ou carteira sai um título. que destruíram alguns militares (apoiados pela maioria do povo das grandes cidades) nesse longínquo ano de 1974? penso que foi uma ideia que se apoderara de um povo poucachinho e crédulo. na altura só apenas 15% de uma população de cerca de dez milhões de almas possuía a chamada quarta classe. e mesmo assim eram diplomados por escolas cujo ensino era ministrado por professoras a quem tinham tirado tudo do cérebro para o programar no a,e,i,o,u e muitas rezas recheadas de encómios a salazar, carmona e como não podia deixar de ser ao chefe máximo da igreja judaica-romana, o célebre e bondoso cardeal cerejeira. 85% da restante população vinha diretamente da idade média. isto é, trabalhavam para comer e foder para procriar. viviam numa escuridão a que só a religião poderia alumiar. ri-me imenso quando num certo dia ao falar com gente de uma aldeia do interior me referi à falta de liberdade de expressão e eles ficarem excitados com a ideia de se poder vir a falar de tudo como se fazia nas franças. não gostavam dessas liberdades que os seus familiares traziam do estrangeiro. aliás os senhores padres diziam que era pecado. daí que facilmente eram conduzidos pelos sábios, por proprietários das terras e das fábricas e seus creditados colaboradores, que geralmente não passavam de agentes ou representantes da autoridade de todos os órgãos de soberania da altura. portanto, convém esclarecer que quem dá origem a esse regime confessional não é o povo mas sim um grupo que tem emprego e posição. só que estava a "sofrer" com os efeitos da guerra. sofriam na algibeira e nas promoções. não podia ser! nas cidades, empregados de escritório, operários qualificados da cintura industrial, filhos de merceeiros, pequenos comerciantes, filhos de alfaiates (hoje estilistas), etc. que puderam enviar os seus filhos para estudos superiores formavam a consciência crítica (a possível). uma espécie de oposição pacífica porém interiormente telúrica. esta gente estava farta do que era proibido. diga-se que tudo ou quase tudo era proibido. falar-se em sexo era proibido. falar de política era proibido. ler um livro de sartre era proibido. ler o avante do pcp dava prisão. romances aprovados pelo regime só os que não ofendessem a moral da imbecilidade nacional. a mesma moral que parira 1 milhão de filhos ilegítimos. homens e mulheres que não tiveram direito a ter pai. que cristãos estes que adoram um filho ilegítimo criado por um são josé carpinteiro e punham de parte aqueles a quem o estado novo não permitia a separação dos pais para formalizarem uma nova família, ora que porra! ir a um cinema era fácil. era cada pessegada de fugir. só filmes cómicos estrangeiros. ah, também algum drama de faca e alguidar. antónio silva preenchia os salões e o parque mayer dava um jeito. eh pá, lisboa era portugal e o resto era erva para pasto. a alberta marques fernandes pergunta a um puto que fazia a reportagem da rtp inf.: onde estavas no 25 de abril? ele disse que ainda não era vivo. claro! mas ela corrigi-o. não eras ainda nascido. ora pergunta-me que eu respondo. eu? levei a noite a foder. tinha 30 anos, o que é que esperavas! acordei bem tarde, cansado e a ouvir marchas militares. bem, depois deste interregno para exagerar o meu feito antigo, cá vai: caetano, marcelo entrava num tanque do exército aos tropeções depois do salgueiro maia ter mandado dar uns tiros no edifício da gnr. calma, calma. marcelo estava no quartel do carmo. teimoso como era, não obedeceu a salgueiro maia que o queria prender. este que estava com pressa para voltar a santarém para chegar a tempo da janta, mandou dar uns tiros contra a fachada. no interior do convento do carmo estavam marcelo, o seu mordomo, quatro guardas borrados. não saio! e disse-o cara a cara a salgueiro maia: vai lá chamar o general spínola para eu lhe entregar o poder antes que caia na rua. de gritos! só shakespeare poderia ter dramatizado com êxito a cena lírica desta entrega sui generis do poder. salgueiro é aquele que tem o poder do país nas mãos e num momento de atrapalhação vai obedecer ao seu prisioneiro que o manda ir ter com um homem do regime que os capitães por ignorância aceitam como seu representante. salgueiro faz de rapaz de voltas. é a sua mancha negra como revolucionário. estais a ver fidel de castro a obedecer a fulgêncio batista depois de o ter cercado pelas tropas vindas de sierra maestra. fulgêncio diz para fidel: dá-me aí o rolo de papel que tenho de ir à casa de banho. ah, e só depois é que vou assinar o meu pedido de demissão. os capitães eram o fruto da descaracterização do intelecto e da cultura académica. em portugal era proibido ler para além da cartilha do salazarismo. daí que apesar de terem muitas letras os portugueses (com as exceções dos que viviam exilados) eram uns néscios em relação à história revolucionária. o poder caiu porque os fascista moderados portugueses estavam velhos e carunchosos. o povo das grandes cidades na rua aos magotes faz a cobertura ao golpe de estado. a moldura é tal que que dá origem a uma euforia generalizada. quando assenta a poeira e depois da entrada dos viciados em política que viviam na estranja a coisa tomou foros de uma grande merda. sobre esta não vou falar, pois ela está por aí bem instalada e quais mandames das conferências de são vicente de paula choram muito a vida degradada dos pobrezinhos. ai os pobrezinhos! e acabada a sessão comemorativa - têm sido várias... (onde botam o facies e olhares furtivos esticados para as câmaras de tv)... ala que se faz tarde para a bucha. ai, tanto pobrezinho. e alguns choram de tão sensíveis que são.
mmb!

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