a velha amiga trazia o saco das compras agarrado a uma mão, enquanto a outra mexia nas chaves do carro. a rua era de subir, mas também era de descer. dependia de estarmos voltados ou para cima ou para baixo. no caso de agripela (nome fictício da minha antiga colega de escola e dos primeiros experimentos de namoradeiro) era um arrastar de suor e carnes meio pendentes como folhas caducas. subia. apanhou o carro já com a língua de fora como as cadelas à cata de cordonizes assustadas. estava a pisar o acelerador quando me viu. ainda tentei escapar. nada para ninguém. olá! sim. baixa o vidro. e eu: toma lá mais cinco que beijocas já não pratico em velhas. riu-se. detesto velharias. é só lamentos. se a conversa continua a intimidade revolve e lá temos himerróidas como entretém. não sabes da última? o que foi? quem é o adúltero? não é isso. é acerca do bosão de higgs. olha para este. ainda andas nessa! sim! então, deve ser só para disfarçares o tesão que se foi? ainda não é desta. e não me provoques que só gosto de carne fresca. de boa boca agora? tenho de ir. esperam-me no café. adeus. não te vás com vontade de ficar. pois, diz-me isso tirando para aí uns 55 anos e logo te digo (ou diria). pedófilo! era moda ao tempo. quem queria mulher velha com mais de vintes. só careca ou carenciado de fundos que qualquer "bom casamento" - desencalhando o bicho - alterava a conta do alfaiate e outras para o positivo respeitável. passa logo à noite, depois do jantar. tenho boa música e um herdado uísque. era do meu avô? não sei se vai dar. em todo o caso vamos ver. dois toques seguidos de três lentos. o costume? a puta da agripela começa a rir que nem uma perdida. isso já era. que se fodam as más línguas. então, está bem! adeus! adeus!! por que é que gosto tanto de uísque? e do velho... era mesmo velho! ah, mas só depois de provar.
varett (encontros da terceira idade)
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