terça-feira, 14 de setembro de 2010

A MINISTRA MARIA ISABEL DE MELLO GIRÃO - Isabel Alçada



A ministra da Educação é uma pessoa bem calçada. Isto é, pertence a uma burguesia que fazia já no tempo da outra senhora várias refeições por dia. Refeições sentadas, que é como quem diz com assistência de criadagem. Cinco refeições sem tirar nem pôr para não criar uma certa fraqueza ao corpo. O chá das cinco - excepção - era coisa de saleta e de boa conversa , nem sempre a calhar devido aos afazeres académicos. Mal chegava a casa, a primeira coisa que fazia era ir lavar as mãos. Caso tivesse cumprimentado semelhantes abaixo escalonados era certo e sabido que teria de se desinfectar com álcool sanitário cuja percentagem variava entre os 70% e os 95%. Apesar desta agenda social prática a ministra Maria Isabel de Mello Girão nunca esquecia que todos eram iguais. A ministra que também dá pelo nome de Isabel Alçada teve uma educação primorosa. O gesto, o sorriso, a postura, tudo nela é profundo e de raiz. O facto de se ter licenciado numa universidade nada lhe acrescentou. Podia ter obtido um diploma de culinária que ela não mudaria em nada. Em casa paterna se formou excelentemente. Ela aparenta aquela fragilidade tão ao jeito dos bem vividos que não precisam de gritar para se impor em qualquer lugar, seja este uma tasca típica ou uma sala de conferências de São Vicente de Paula. A Giaconda se fosse viva teria aprendido a melhorar o seu sorriso com ela - Isabel Alçada. Não comparando o da modelo da pincelada vinciana fica a léguas de distância do da nossa ministra. Qualquer coisa como ver o Guincho do Forte de São João do Estoril. Isabel Alçada veio substituir Lurdes Rodrigues. São pessoas diferentes. Com métodos diferentes e falas diferentes. Origens também diferentes. A Rodrigues era uma mulher de armas. E com estas tentou levar a Lei de Bases do Sistema Educativo para onde ele já devia ter ido: para o fundo. O pior é que não sabia como tirá-lo do fundo para o renovar. É onde ele está agora. Os professores foram tratados como funcionários públicos e a partir daqui o Ensino transformou-se numa espécie de papel selado onde tudo ficava oficialmente aprovado. Menos escolas melhor Escola. É uma boa ideia, só que isso só pode acontecer com melhores professores. Pedagogos actualizados mais interessados em formar do que classificar. Os professores teriam de ser reciclados e os objectivos fundamentalmente alterados. Para uma escola que ensina, por exemplo, inglês durante sete anos , era de se esperar que os alunos dominassem aquela língua. Onze anos a aprender matemática para no final descobrir-se o desastre da ignorância. Ou os professores não atinam com os métodos de ensino ou os alunos são na sua maioria burros de cartolina. Ou o Ministério é composto pela imbecilidade oficial ou os manuais aprovados são bosta de vaca prenhe. Para que serve ensinar inglês, por exemplo, se os alunos não aprendem? Para quê pagar a professores se eles não ensinam? Os sindicatos de professores reivindicam desfazados objectivos de corporação. Bem, talvez a questão seja a de o fim de um ciclo. O Sistema Nacional de Saúde está a dar o berro. Quase chegou a ser um êxito. Foi furado por irresponsáveis. As comunicações rodoviárias estão emperradas. A pergunta que segue é como sair desta tristeza? Já sei! Com os salamaneques alçadianos.

PS: Reparem na foto da ministra. Vejam como se batem palmas, como se deve estar sentado, como se usam jóias de família com a discrição higiénica, como se sorri suavemente de dentro para fora, reparem no estilo e na personalidade das vestes. Até dá para aconselhar a dona Maria Cavaco e Silva a mudar de trapos.
Nota final: Como gostaria de estar presente no diálogo havido entre o "intelectual orgânico" e dirigente da FRENPROF Nogueira e Madame Alçada. "E vai mais um bolinho de coco, meu caro professorinho?" E ele a trincá-lo ao estilo das massas culturalmente activas e deleitado com a presença da magnífica ministra acena que sim, pois já sabe que não se fala com a boca cheia, mesmo com bigode aparado.
mmb

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