Se os açorianos tivessem copiado os nortenhos que desfraldaram bandeiras espanholas por se sentirem prejudicados, muito "naturalmente" o Governo Central teria enviado tropas especiais para o território autónomo a fim de prender os reaccionáios responsáveis por tal despautério. Penso que colocar símbolos hispânicos não é nem será objectivo do povo açoriano visto que daí - incluindo o Portugal hispânico - só têm chegado impostos, saques, estrangulamento económico, orientações de ordem política e religiosa, e todo o tipo de impedimento a uma assunção autêntica de personalismo regional. A interpretar tal aspecto de política centralista, apreciámos a atitude de Cavaco Silva aquando da "reformulação" do Estatuto Político e Administrativo da Região Autónoma dos Açores votado pelas duas Câmaras legislativas que ia um pouco mais além do garrote com que arrolam os nativos. O homem foi aos arames de tal modo que interrompeu as suas férias para vir denunciar o lesa pátria - a Lisboa. Tomando à letra os desmandos libertadores do século XXI, a cena foi o bastante caricata o que permitiria vir a ser projectada nos palcos do defunto Parque Mayer, para entretenimento e riso da populaça. Depois, não satisfeitos com o desfraldar as bandeiras dos irmãos, os portugueses questionados sobre se não se importavam de ser espanhóis, os inqueristas perceberam que 27% deles (portugueses) optariam por mudarem de nacionalidade. Talvez, até sem a vuvuzela para festejarem o salto. Mas Portugal é assim mesmo, isto é, encontramos na História toda a resposta para os tipos de alteração a que nos sujeitam os tempos difíceis. O que nos salvou - no dizer do Homem da Tanga - foi a integração na Europa. Pois, pois! Se voltarmos ao escudo e a Espanha às pesetas uma coisa será certa: a União Ibérica estará para durar até que nova teta se nos proporcione ser outra vez autênticos. As ideias não são comuns entre nós. Somos assim. É a tradição. E se esta não contempla as nossas aspirações, nada como criá-la.
mmb
Referi o assunto em dois, talvez três, artigos publicados na imprensa. No último realço uma ironia vergonhosa: a mesma boa gente que prefere ser espanhola em questões de Estado, foi a mesma que saiu à rua a agredir fisicamente e a insultar espanhóis quando a selecção portuguesa perdeu com a espanhola.
ResponderEliminarÉ com prazer que o encontro na blogosfera, cresci a ler os seus artigos no "Expresso das Nove".
Cumprimentos.