quarta-feira, 11 de novembro de 2015

lições de democracia precisam-se


quando eu, no tempo da dita ditadura salazarista, brincava à oposição apareciam nas reuniões - do tipo senhoras unidas pelas conferências de são vivente de paulo - uns humanistas que estavam "indispostos" com a situação política. todos queríamos para portugal uma democracia europeia à imagem da frança, da suécia, etc. isso é que era bom, diziam com cara de vicentinas. depois saíamos das reuniões tão satisfeitos e levinhos. claro que nos acompanhava o medo da pide e do que ela seria capaz de nos fazer. eh pá, quem tem esfíncter tem medo! os anos foram passando e nada de novo. até que se chega ao 25 de abril de 1974, e aí sim. a coisa ficou nevoenta (não digo negra para não ofender os vigilantes dos direitos das minorias que no caso dos negros são uma maioria de respeito. também sinto-me um descendente de gente escura. olhando para os portugueses e percebendo o que dizem os sacanas dos ingleses acerca da nossa cor fico com a sensação de que somos um povo de mestiços. é o que os bifes julgam de nós. devem ter razão pois somos escuros em relação aos nórdicos. chamam-nos latinos na américa. porquê?) -  bom, estávamos em guerra contra povos de cor escura e muito escura. matávamos e éramos mortos. e tudo para sacarmos as riquezas de que esses povos detinham nas suas terras. como tudo muda, chegou a vez de uns militares de patente média estarem a sofrer (coitados) de falta de promoções. não estava certo. eles queriam mais uns trocos. e vai daí toca a fazer cair o governo fascista de continuidade que era o de marcelo caetano. à segunda tentativa conseguiram derrubar o pequeno ditador mas grande especialista em direito administrativo. que queriam os capitães? (foi assim que ficaram conhecidos) eh pá, já o disse: mais uns trocos e subida de galões pois estavam a ser ultrapassados pelos milicianos a quem o estado novo enviou para áfrica e lhes dera regalias que só pertenciam "por direito próprio" aos oficiais do quadro. ciumentos! que pretendiam os capitães para além da sua revolta tipo sindicato dos juízes? mais nada do que dinheirinho. não tinham formação política e eram uns verdadeiros marialvas cheios de empáfia e ignorância. estavam destinados para além do marchar a casar com as moças de letras que depois se encaixavam nos liceus como professorinhas. quando derrubaram o governo de marcelo não contavam com a reação da população de lisboa. julgávam-na um corpo inerte. enganaram-se redondamente. lisboa ficou em polvorosa. alguns malucos perdendo a cabeça dirigiram-se para a sede da pide aos gritos histéricos. foram recebidos com rajadas de metralhadora. ficaram caídos para sempre 5 deles. uma verdadeira desgraça. a partir daqui a pequena revolta de quartel deu uma volta de 200 grados. como na revolta não havia oficial general a chefiá-la o caos aproximava-se. e quando entra em cena mais tarde o general spínola o país já estava dividido e "ferozmente politizado".  o quanto primariamente possível, claro dadas as circunstâncias! com spínola o país começou a perceber quem era quem. a malta descobriu o que era a direita e o que representava a esquerda. o povo aos magotes foi entendido como esquerda. e essa esquerda aos poucos - auxiliada por alguns militares inspirados por guerrilheiros internacionais, tipo mito che - foi tomando conta do estado. entretanto, o que aconteceu à pide e aos seus auxiliares-bufos? os militares que colaboravam com ela resolveram prender todos os agentes para os salvar da morte. a população, às tantas, tinha descoberto um novo desporto: caça ao pide. mais tarde, os militares  organizaram uma fuga da prisão para se verem livres do que eles representavam de compromisso no passado recente... vou saltar para não estar a fazer de historiador até porque o que escrevo pode e deve ser contestado. apesar de estar a viver ao tempo em lisboa tudo pode ser fruto da minha imaginação. é possível! e então, como se portaram os tais opositores do regime - que se diziam democratas - com a nova situação? estavam já noutra. estavam embrenhados em perseguições que acabaram transformadas em prisões de muita gente inocente. bastava pensar-se ao contrário da corja para se ser perseguido. militares apoiavam descaradamente esses crimes que nunca teriam lugar numa sociedade que se queria democrática. por pouco não se instalava uma outra ditadura. de repente, contra tudo e contra todas as regras democráticas, uma cambada de piolhosos deu origem a todo o tipo de perseguição e  prisão. pessoas eram arrancadas da cama alta madrugada. que crimes cometeram? pensavam ao contrário da nova moda. vi um irmão ser preso às tantas da manhã acusado de ser de direita. mas que grande filhos de puta eram os que vinham substituir a velha e ignóbil ditadura salazarista assente no poder militar! quando terminou a perturbação mental a que a maioria foi sujeita o país passou a gerir-se à moda da burguesia institucional. o poder e o dinheiro começaram a circular entre o partido social-democrata e o partido socialista. tanto um como o outro alimentaram verdadeiras quadrilhas que não tiveram medo de ostentar a sua riqueza perante todos. a plebe aplaudia o que lhes dava ainda maior força "moral". quando o saque  aos dinheiros do estado atingiu formas monstruosas a justiça não teve outro remédio senão pôr-se a caminho. isto é, à falta de pudor e descaramento ala para a cadeia. foram alguns apanhados. quanto aos que destruíram o património nacional nada lhes aconteceu porque tudo o que fizeram ficou blindado por especialistas na matéria. gustavo sampaio, um jornalista de investigação, descobriu dezenas de gabinetes onde aqueles especialistas  forjavam contratos que tinham por objetivo roubar dinheiro ao estado. gustavo até escreveu um livro para facilitar a tarefa à autoridade judiciária, mas a coisa ficou em águas de bacalhau: portugal! das centenas de vigaristas apenas meia dúzia foi dentro (já estão fora neste momento). bom, à custa da criação de uma democracia que veio para substituir a ditadura antiga nasceu o espírito democrático português. como caracterizá-lo? eu não sei, mas talvez um dos sete sábios cá da casa, o filósofo-pensador josé gil (um dos 25 homens mais inteligentes do mundo, segundo um grupo de amigos dele que vivem em paris) saiba explicar. para terminar: também serve para explicar o que é o sentido democrático da nossa classe política assistir ao que se passa na assembleia da república. o que é que se passa? bem, o poveco elege os seus deputados, estes estão agrupados em partidos, os partidos lutam pelo poder. quando algum o alcança, o resto agrupa-se. depois lutam e lutam durante 4 anos. a maioria das suas medidas estão dirigidas à algibeira de todos os desgraçados. estão sempre a congeminar como roubar e trafulhar quem os elege. para que serve, então, a democracia? é mais fácil resolver o problema do sentido da vida do que o da democracia. mais valia pagarmos impostos à igreja católica que nos promete o céu desde que paguemos a dízima. pelo menos é como o gato de schrodinger que tanto pode estar vivo como morto. não vou explicar porque ainda estou a estudar o caso. mas utilizo o mesmo raciocínio que traduzo assim: a igreja promete o céu. bom, será que tem razão e que é bem empregue o dinheiro que ela cobra? eu penso que sim. pelo menos temos 50% de hipóteses de o atingir e só o saberemos quando batermos a bota. só depois de mortos! pagamos impostos e mais impostos à democracia e depois somos enrabados. eh pá, viva o cardeal cerejeira, um homem de deus que sorria sempre, o que nos transmitia aquela segurança que só se tem quando há certezas. viva o céu! abaixo a democracia do rapinanço.
varett

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