terça-feira, 3 de novembro de 2015

elevar o meu tesão a uma causa pública.isto é, numa droga positiva, penso eu!


este é um texto que não utiliza o plural  majestático  nós para se fazer entender. isto é, o caso é pessoal e se passar a interessar à generalidade das pessoas ótimo. se o não conseguir, tanto pior para os recetores. tudo que esteja fora do serviço público é coisa de segunda categoria. apareceu esta semana nas bancas um livro de uma mulher (1) que se debruça sobre os seus intestinos de uma forma capaz   de influenciar os leitores na medida em que para ela os intestinos merecem mais atenção do que a bexiga ou mesmo o coração. quer dizer a merda que se move no trânsito intestinal passa a ter diploma e já pode concorrer a um cargo no serviço nacional de saúde, por exemplo. até há quem diga que os intestinos são um segundo cérebro. eu que o diga! os meus intestinos até à altura em que alterei por completo o modo como me alimentava faziam de mim uma espécie de assessor de primeiro-ministro. isto é, sempre às ordens dos seus desejos. como não gosto de defecar perdão cagar, senão na minha retrete, estão a ver a cena. a merda tornou-me num homem caseiro à força. como eu comia que nem uma besta e bebia que nem o padreca do eça que   servia como cónego na sede do bispado em leiria, acontecia que tinha de frequentar a sala de despejo três, quatro ou mesmo cinco vezes ao dia. uma desgraça de intestinos e de vida. como consequência, a barriga aumentava dia após dia. tanto que deixei de ver o meu companheiro de noitadas e de lençóis. o que é que eu comia? tudo que fosse prato de carne era papado. até criei um bife à mestre de aviz muito apreciado por mim e meus amigos preferidos. a sopa era sempre acompanhada com muito queijo e pão. ovos estrelados? às vezes dois a puxar para três, pois adoro os estaladiços que sei cozinhar. enfiava, também, fruta e mamava uma de tinto que às vezes ficava com uns restinhos que aproveitava para fazer vinagre. já perceberam que estou a fazer uma aguarela intestino-social. agora vou introduzir algo que mexeu comigo. estava eu a assistir a um documentário num programa televisivo que constava do seguinte: uma família cristã de agricultores  composta por pai, mãe e filhos, estava sentada à mesa a papar uma refeição que constava de belos bifes de vaca. era num domingo! até aqui tudo bem. só que, o realizador numa retrospetiva deu a conhecer aspetos da sua atividade realçando o modo como os miúdos tiravam o leite à vaquinha e de como estavam sempre a fazer-lhe festinhas. a mulher do agricultor até beijava a vaquinha. querida mijuca, que rico leitinho! o que aconteceu de diferente que me levou a estar aqui a fazer versos sobre campónios? é que quando a vaquinha  tão querida deixou de dar a mesma quantidade diária de leitinho, o casal enfiou-lhe uma faca entre os cornos. depois, foi um tal comer bifes ao domingo, e dobrada durante a semana. ah, a mulher também sabia fazer mão de vaca. uh que bom que era! a partir desta merda de cena o meu cérebro deu uma volta de tal ordem que nunca mais comi animal nenhum. fiquei desgraçado. passei a comer vegetais e muita sopa. de manhã só fruta. como fiquei? ao quinto dia nesta dieta "forçada" e "traumatizante" comecei a sentir-me como um drogado. eu sei o que é isso pois experimentara a boa  merda há uns bons anos atrás. a vida passou a ser de azul claro. explicando, recuperei o tesão antigo, o qual tinha metido papéis para a reforma. eh pá, tão bom! e quanto aos meus intestinos? olhem, amigos ledores, passei a ir à casa de banho uma ou duas vezes por dia. dependem - as idas à sala do espremedor - da quantidade de sopa que papo.  mais, deixou de haver mau cheiro. um verdadeiro milagre! ah, também não como peixe! são tão queridos! estou aparvalhado? para alguns, sim. para outros e para mim é como se estivesse a voar agarrado ao rabo de afrodite. um rabo redondo de feições e muito cheiroso! pudera ela lava-se muito! também passei a fazer praia a partir de março. sempre que olho o céu e vejo o meu querido sol a brilhar, ala que se faz tarde. a minha mente, como está? pior um pouco, visto estar sempre a ler a bíblia para saber o que é proibido. e o que é proibido dá muito mais prazer. já dizia a eva que confundiu a serpente com o falo divino. safada e gulosa essa eva do sagrado!
varett
(1) - giulia enders

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