quinta-feira, 14 de agosto de 2014

a democracia é uma virgem violada em todos os orifícios menos por um: entrevista a manuel melo bento por paulo rehouve


paulo rehouve:
o que pensa acerca do regime democrático que caracteriza o portugal pós 25 de abril?
manuel melo bento:
uma virgem violada em todos os orifícios menos por um
pr:
qual?
mmb:
a vagina!
(risos hilariantes)
pr:
com a saída de cavaco silva da presidência no fim do mandato e com a provável derrota nas urnas desta coligação, que prevê será o futuro do país?
mmb:
o país não tem futuro. agora, uma coisa eu sei. irão ser presos todos os políticos que como agentes da banca tentaram destruir o país entregando-o a instituições estrangeiras. e não excluo a possibilidade de um levantamento armado que dê origem a uma guerra civil.
pr:
quem são? cavaco silva será um deles?
mmb:
a listagem está já em boas mãos, mas numa primeira fase 37 estão já assinalados. são a primeira divisão. os adjuvantes também terão de prestar contas à justiça. não é difícil saber os seus nomes. como alguns deles têm processos  a decorrer na justiça não é legal referi-los. quanto a cavaco silva, naturalmente que terá de responder pela compra de ações e posterior venda que eram pertença de um banco que fora apanhado em operações criminosas. cavaco e outros lucraram com dinheiros pouco limpos. o povo pagou com impostos o buraco que o gangue aplicou ao banco. mais tarde terão de o devolver!
pr:
isso é suficiente para se ir preso?
mmb:
só se ficar provado que houve tráfico de influências no negócio das ações. cavaco sempre manteve uma certa distância com a banca. certamente por saber o que esta faz aos políticos. porém, muitos dos seus colaboradores e amigos foram acusados de crimes de corrupção e de especulação imobiliária tendo sacado dinheiros da banca utilizando uma prática ilegal. dinheiros esses sacados por via de  uma série de falcatruas e falsificações. 
pr:
este primeiro-ministro é um dos suspeitos? 
mmb:
ó homem, este é um pobre diabo que só tem proa e boa prosápia sintagmática. ele não passa de um lacaio de outro lacaio. nem sequer é pateta. é mais um pau mandado. se colaborar com a polícia apanhará pouco tempo. um tipo que não faz outra coisa senão vender uma boa imagem  por esse país fora levado ao colo pelas televisões que diz uma coisa hoje e amanhã o seu contrário não merece que se perca tempo com ele. pode provar que não roubou. e isso é muito salutar nos nossos dias.
pr:
e quanto ao amigo dele, miguel relvas?
mmb:
ó pá, não passou de um pequeno empresário  a querer subir para comprar um carro topo de gama. ele sempre fez parte das ninharias do partido. mas muito trabalhador, diga-se.
pr:
isso são tudo anjinhos? inocentes?
mmb:
quase. desde que os militares derrubaram o estado novo que a banca passou de mão em mão. primeiro foram os militares. julgavam que o dinheiro caía do céu como os bebés trazidos pelas cegonhas. coitados, foram corridos da banca e aos poucos foram-na entregando a amigos de banqueiros e finalmente a estes. na mão destes a banca começou o seu trabalho de sapa. mais sabida, devido à prisão dos seus responsáveis logo após o 25 de abril, tomou de assalto o psd e o ps. pagou-lhes as campanhas eleitorais e indicou-lhes os seus preferidos e comprou políticos de todos os escalões. quando digo banca digo empresários que dela se serviam porque eram uma espécie de braço alongado daquela. a banca reorganizou-se com dois serviçais para tomar o estado português de assalto: empresários-políticos e políticos-empresários tornaram-se de um dia para o outro ministros, secretários de estado, governadores do banco de portugal, legisladores, deputados  e etc. 
pr:
isso que diz pode ser provado?
mmb:
ó democrata, basta que você consulte a wikipédia está lá tudo! a biografia deles todos canta como um rouxinol. lá diz como num dia eram membros do governo e no outro empregados de grandes empresas as quais beneficiaram quando ministros com medidas que desviavam dinheiros públicos. esta última parte veio na comunicação social. os crimes que cometem para eles são atos normais. em qualquer país europeu decente seriam presos de imediato. ppp foi, por exemplo, a designação que deram a uma agência apta a assaltar o erário público através de um processo legal. 
pr:
não sabiam que isso era crime?
mmb:
eles pertencem na sua maioria a uma classe social do tipo ralé. não atingem o grau de gravidade dos seus atos. só quando há uma revolução e vão parar com os costados na prisão é que se dão por achados. você está a ver aquele tipo de médico labrego a quem se pede para lavar as mãos antes de tocar nos doentes e que olhando para as mãos afirma que estão limpas: ainda ontem as lavei!
pr:
nem todos são assim!
mmb:
há uma cota de gente proveniente de classe privilegiada  que faz parte do ramalhete. gente fina também tem de sobreviver. gente com bens de raiz e de família que não os queriam perder não teve alternativa senão abrir os seus salões à gentinha. a perseguição aos ricos e consequente prisão após o 25 de abril ensinou-os a precaverem-se. muitas vezes são obrigados a aceitar cargos no executivo para que não seja tão descarado ver-se um governo de marçanos a tomar conta do país. a alta burguesia e a plebe estão juntas num grande baile.
pr:
vai durar muito essa união?
mmb:
duraria muito tempo se continuassem ambos a comer e a beber à farta à custa dos dinheiros do povo. mas a mama acabou.
pr:
acabou como? estamos aqui estamos a receber biliões do bce e dos fundos europeus...
mmb:
não vão dar para pagar nem 30% do desfalque  que o estado português foi vítima e do qual é responsável a banca na ansiedade de ela mesma vir a tornar-se no próprio estado. os bancos estão descapitalizados pois os associados são muito sôfregos de milhões. todos os bancos foram sujeitos a cortes drásticos dado o desaparecimento de vultuosas quantias.
pr:
para onde foi esse dinheiro todo?
mmb:
a maior parte está no estrangeiro e vai ser difícil dar com ele. há partidos políticos envolvidos na fuga de capitais e isso já vem desde que sá carneiro era primeiro-ministro. aliás, um seu muito próximo colaborador era angariador de dinheiro junto a empresários e banqueiros. não tem três anos que foi apanhado um deputado que transportava duas centenas de milhares de euros recebidos à candonga de um misto de empresário-banqueiro. isto é público!
pr:
e quanto ao ps?
mmb:
o mesmo se aplica. tempo virá que a praça pública terá com que se entreter. não esquecer que no tempo em que macau era nosso o ps levou que se fartou. e isso fê-lo aprender novas técnicas. mas mesmo assim também se aliou à banca para sacar o seu e dar-lhe grandes comissões. quando os dinheiros começaram a faltar acabou a festa. a desaprovação do pec 4 devolveu aos chamados partidos de direita os cofres do estado. os banqueiros têm investido dinheiro nas campanhas eleitorais para colocar os seus empregados nos lugares de decisão. sempre que há um empreendimento público é à banca que cabe dirigi-lo pois fica como intermediária dos negócios. isso permite-lhes lidar com milhões e milhões de euros. compram tudo! os banqueiros é que admitem ministros e os demitem. quando algum dos desgraçados - que com eles colaboram - dão ares de seriedade são postos na rua.
pr:
já chegámos a isso? parece banditismo?
mmb:
sim, ainda há pouco tempo um secretário de estado deu por uma grande marosca que lesava o erário público e quis atuar em conformidade com a lei. foi posto na rua ainda não tinha aquecido o rabo na cadeira do pelouro. estamos a falar de empresas energéticas onde há muito dinheiro em jogo e ladrões, como convém nestes casos.
pr:
com todos os escândalos não será hora de o povo alterar a sua intenção de voto?
mmb:
não, este povo distancia-se do poder porque durante oito séculos aprendeu que a ele só lhe cabia a enxada. e ponto final. só a média e alta burguesia se manifesta quando lhe tocam nos privilégios. uma vez estes tornados intocáveis a vida continua. o povo pode esperar mais oito séculos. é um povo de romarias petiscos e pouco mais. está tão habituado  a ser tratado como subespécie que quando alguém lhe quer abrir os olhos ele olha para o céu desconfia. tranca a porta e mete o dinheiro no colchão.
pr:
que panorama!
mmb:
e é tudo porque estou bem disposto!


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