terça-feira, 22 de julho de 2014

plebleu aburguesado acoplado ao poder ou brutalmente enriquecido conquista para si e família o título onomatologicamente social de aristocrata


e... o velho  senhor kennedy que ganhou muito dinheiro em atividades ilegais como, por exemplo, contrabando de tabaco, investiu na campanha à presidência dos eua qualquer coisa como um milhão de dólares. o candidato chamava-se franklin delano roosevelt. ora, para abreviar, depois da vitória de roosevelt, o senhor joseph kennedy foi nomeado embaixador em londres. pertencia ele a uma família de plebeus irlandeses que emigrara para os eua. em pouco tempo tornara-se rico, depois poderoso, depois ambicioso e finalmente aristocrata. os seus filhos, a quem obrigou tornarem-se políticos, pertenciam a uma indiscutível classe aristocrata americana. americana, claro. um deles, que mais tarde foi presidente da maior potência militar do mundo, até se casou com uma aristocrata-da estirpe-velha  para reforçar a imagem (uma espécie de lavagem de estatuto) que para além do nome  que carregava - que teria tido origem em alguma fidalguia francesa - arrastava apenas consigo dívidas peludas. mas com muito charme! muito mesmo. séculos e séculos a tratar da "pele" das mãos faz com que se note à distância de um "parsec" a distinção, a beleza, o trato e muitos et coetera cooptados. pelo menos esta faceta é um capital indestrutível. no nosso caso, o caso português, dado que fodemos muito por essa história fora, a nossa aristocracia é um tudo nada diferente. farei um relato não muito exaustivo para não cansar os meus dois únicos leitores: a nossa primeira rainha (sim, rainha), a dona teresa - mãe do grande guerreiro afonso henriques - era filha de um bom passo fora do casamento do rei de castela. era à luz da igreja de roma uma filha ilegítima. passados uns anitos, um dom fernando - pessoa que era muito bela mas fraco em esperma - descendente dessa rainha amancebou-se com uma bela mulher já casada. como era rei fê-la descasar-se e legalizou a sua situação. dessa relação, dom fernando só conseguiu emprenhar a agora legitimada uma só vez que, menina real que se dava ao chamado do "espanhol" e aos súbditos por beatriz . a menina ainda nasciturna foi prometida ao rei de castela. depois a coisa deu para o torto e entrámos em despique com os nossos vizinhos. mais tarde com a intromissão dos ingleses veio a tornar-se rei de portugal um tal joão que era filho ilegítimo do pai de dom fernando (dom pedro, o terrível justiceiro) e de uma senhora empregada doméstica. dele houvemos muitos reis de alta estirpe, filhos e sobrinhos também muito cotados. até que chegou a vez de um tal de dom sebastião, figura mítica  meio anjo meio  imberbe cavaleiro que a guerra levou para sempre. deixou o país sem descendente direto posto que vieram os filipes a quem o povo chamou de carrascos e filhos de puta. não o eram, principalmente o filipe II que atacava os cães ingleses sempre que acordava mal disposto. com a saída do poder dos filipes quem nos calhou para governar? nada mais nada menos que os poderosos descendentes de uma filha de um guerreiro de nome nuno álvares pereira e de um filho ilegítimo de dom joão, de que já falámos acerca do seu nascimento fora das regras bíblicas. historicamente houve de tudo. até mesmo a chamada nobreza cagada que era composta por gente plebleia endinheirada que ajudou o filho ilegítimo de dom pedro (atrás citado) a conquistar o trono. a velha aristocracia foi corrida e empobreceu. a dita cagada (a história político-religiosa refere o fato) passado uns bons anos deixou de cheirar mal  e a malta habituou-se a ela respeitosamente. saltemos anos e anos. mataram o rei dom carlos (personagem histórica que eu adoro) e logo uma caterva de esfomeados se alcandorou no poder começando  a tratar da sua saúde e carteira. lá veio outra nova aristocracia, mas desta vez não cagada mas sim borrada com o sangue real que fizera derramar no terreiro do paço. esta aristocracia - não titular - em 16 anos tornara-se dona do estado. e foi a sua ganância e corrupção que deu origem à sua queda e falência. a seguir veio a ditadura que acabou com aquilo a que se chamou república parlamentarista. esta ditadura materializou-se em duas pessoas: salazar e o chefe da igreja católica. a ditadura soft (mas com alguns assassinatos) criou novamente uma excelente aristocracia tanto militar quanto civil. em 48 anos gente da plebe ranhosa aperfeiçoou-se. começou a saber comer com talheres e a não fazer barulho com a boca quando mastigava - imagine-se carne... era vê-la nas suas casas altas compradas  à pressão e de grande volumetria servidas por inúmeras criadas. algumas delas, suas aparentadas, ainda pertenciam à sua abafada árvore genealógica. e como já dizia o desgraçado do galileu - vítima da igreja de roma por ter tido um cisco a mexer num olho - que tudo se move. assim, também a aristocracia salazarista foi vítima da mudança universal por pressão militar extraordinária. a aristocracia estabelecida e perseguida deu de abalada e como mandam as regras deu azo a uma nova onda formada por campónios e operários letrados que se aliaram com gente de meios e incompletos estudos. olhem, pois foi esta working class e seus filhos que deram origem a uma nova aristocracia. esta ocupou não só os corredores do poder como também os seus esgotos. aos poucos ei-los com tiques dos bem. merecem? claro! faz parte das regras, isto é, o velho tem de ser substituído pelo novo. esta nova aristocracia já sabe estar à mesa e falar sem ser com a boca cheia e manápulas agressivas. ah, até, quando abre a bocarra para bocejar coloca os dedos nos lábios. e o género feminino, como se tem portado com o novo estatuto social? bem, hoje, as mulheres deles e sem eles ainda não se deram conta de como ser-se charmosa e aristocrata. e a bobone, não as educa? ainda sabe pouco pois é adepta do garrido. é pouco discreta e isso nota-se nas suas seguidoras. a nova aristocracia é assim, isto é, vem de "fora da cidade" e vai-se acomodando. muita delas acoberta-se nos partidos políticos. é uma saída. quem a censura tem é inveja. ora, a história da restauração da aristocracia venha ela de onde vier faz parte da vivência da comunidade humana. nos primeiros passos para se impor torna-se risível, anedótica e pirosa. depois passa. ultrapassada a má e incómoda fase há o assentar de arraiais e passamos a ter dificuldade em distingui-las: a velha e a nova aristocracia. claro. há sempre um um trejeito denunciador, um beija mão que se confunde com chupa unhas. mas tudo isto sem importância relativa dado que a maioria tem o mesmo berço estiloso. quer dizer, se me encafuasse nos tais corredores ou esgotos ainda me haviam de ver com ares de aristocrata. e o motorista (do estado) a esperar a "minha senhora" à saída da chique "louis vuitton" da avenida não seria um sainete catapultador para ministro ou na pior das hipóteses secretário de estado? ah que bom para mim. e depois? depois, mim rico mim praia que é  o  que está a dar.
mmb
"louis vuitton"

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