quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

o estado: um sentimento ou uma materialização do abstracto

confesso que tenho algumas leituras sobre  o entendimento que surge com a ideia de estado. não são tão profundas e rigorosas quanto o desejável. mas dava em tempos para perceber e alimentar qualquer bate-papo. quando éramos obrigados a tirar "organização política e administrativa da nação" no secundário a coisa ficava por uma insustentável chuva de penumbras anódinas e era um tal debitar frases sem sentido nos exames. não podíamos tratar das coisas da política porque isso tornar-nos-ia suspeitos. não podíamos trabalhar a ideia de democracia nem fazer apologia de tudo que não englobasse o estado novo e o seu glorioso timoneiro. e era assim por várias razões: uma das quais era o medo, a seguir vinha o terror de se ser despedido do emprego, ou não o arranjar. também ser-se ostracizado pelos amigos e família não era de se pôr de lado. olha, e etc que a coisa dava para uma aquilinada significativa. o estado metia medo. a polícia metia medo. o respeito era uma etapa de comportamento sujeito a penalização a todos os que prevaricavam em relação às hierarquias. veio o 25 de abril de 74 e eis que se descobriu o primeiro inimigo do povo: o estado que tomara a designação abusiva de estado novo. estado novo, salazaristas e situacionistas eram o inimigo a abater. e foi abatido. abaixo este e aquele e, de facto, foi tudo abaixo durante dois preciosos anos que podiam ter sido aproveitados para reciclar o estado e adaptá-lo aos tempos modernos. bem, apareceu a canalha que açambarcou os dinheiros públicos e foi o fim do estado (novo) português. tornámos ao tempo dos reis desavindos: dom pedro e dom miguel. não nos matámos uns aos outros como na época fratícida mas fizeram-se à volta de 2.000 presos políticos às ordens dos anti-fascistas. no estado novo havia apenas 76 presos polítios e vivia-se em ditadura... de repente, foi preciso elaborar uma lei fundamental pois a que vigorara (33) foi à vida. entretanto o estado fica suspenso. não se sabe onde esteve. o que se viu foram arruaceiros que imponham as leis a que chamavam revolucionárias e legítimas. roubava-se, assaltava-se, batia-se em pessoas, amedrontava-se, e tudo que cheirasse a ordem levava no caneco. muitos portugueses fugiram para o estrangeiro depois de terem visto cenas de verdadeiros cowboys. mentores da revolução chamada dos cravos usavam coldres e pistolas. não estou inventando. basta ler os jornais de direita e de esquerda que se publicaram na altura. depois de se ter organizado um punhado de leis comunizantes por todos os constituintes (o cds ficou de fora. fica sempre de fora...) eis que o estado que se tinha escondido começou a pôr as ventas de fora.. inventaram-se ministérios, secretarias, direcções e repartições e mais o diabo a quatro. milhares de funcionários públicos surgiram como papoilas  nos campos afegãos, o que fez com que os partidos a eles se dedicassem para deles receber contrapartidas. a onda estatal comunizante avançou qual onda da nazaré e foi-se até à construção civil e adjacentes. o que quer dizer tudo debaixo dela (os chamados meios de produção). olhem, nasceu o estado patrão que aos poucos foi-se transformando em estado social. foi uma grande conquista? se tivesse sido organizado penso que sim. porém, acho que a sua "confecção" tinha laivos de assaltante. isto é, não tinha suporte a não ser no saque de dinheiros a outrem. entenda-se por pedir dinheiro emprestado a quem para tal estivesse disposto a mais tarde vampirizar com juros pouco higiénicos. sem bases, mais cedo ou mais tarde daria o berro. e deu. hoje, toda a panóplia de regalias foi ao ar e para mal dos nossos pecados vão fazer com que o povo pague o que recebeu em épocas atrás. aliás, ao povo foi dito que era um direito seu ter apoio na doença, na instrução e na velhice através de reformas que em tempos só os priveligiados usufruiam. mas que raio de estado  assentou arraiais na javardice de uns pilhas-apanhas sem eira nem beira (depois engordaram na pança e na fazenda) e que agora retoma a forma antiga autocrática e desrespeitadora da vontade popular? vamos por partes que eu não sou gago mas vejo-me à rasca para explicar o meu ângulo crítico. dar, não dar, dar e tirar é o que se pode dizer do estado português. no começo da I república (1911) os "democratas" distribuiram o que não tinham (pediam emprestado). levaram o país à bancarrota. fome e porrada era um signo que acompanhava o hino nacional (também reconhecido pelo hino da fome). com o advento do estado novo ou II república a fome pediu prolongamento até que estabelizou. o estado - novo de seu nome - inventava impostos com a destreza de um chulo. até para para se acender um cigarro friccionando duas pedras ou utilizar um isqueiro era preciso pagar a licença respectiva. não comparando eram quase tão chulos como estes de agora. salazar não tinha o descaramento deste passos, pois não se ponha a dizer para a malta emigrar. fingia que não era nada com ele. a malta fugia para matar a fome na estranja e como era trabalhadora lá fora arrecadava bons vencimentos acrescentados com a prática de horas extraordinárias... pagas. mandavam as divisas para o país que os viu parir elegantes (as criancinhas de então eram pesos pluma, magricelas e esfomeadas) o que permitia  ao erário público grande espaço de manobra tanto  a nível económico como fazia do portugal uma nação honrada: pagava a pronto as importações dos bens essenciais. essa segunda república ou estado novo era composta por três classes distintas. a saber: clero, nobreza/alta burguesia e povo. não como hoje na era de passos, pois pode-se distinguir claramente: clero, burguesia bancária, muitos desempregados (700.000 à data), sem-abrigos e o povo (parte dele já está de mala de cartão aviada). não está mau, como dizia o saudoso solnado, o esquecido. saltemos para a III república (devagar para não entrarmos nalguma guerra civil). o governo passos que não passa do fruto de um golpe tipo chicotada psicológica (usa-se na gíria futebolística quando um clube vai de mal a pior e em risco de baixar de divisão), isto é, os primeiros-ministros (treinadores) vão sendo substituídos à maneira que obtêm maus resultados. como tem sido de mal a pior a governação, o certo é que só se vêem lenços brancos por toda a parte. não porque os portugueses queiram expelir o ranho (fazem-no para o chão), o que pretendem é substituir o treinador de portugal, que diga-se de passagem não percebe nada de conduzir a turba humana. os nacionais ainda não substituíram os nomes feios pelo desfraldar dos lenços brancos... mas mais cedo ou mais tarde terão de o fazer por falta de força para gritar. quer dizer dão, tiram, dão, tiram, dão, tiram faz-nos pensar que de facto perdemos alguma coisa. será que nos falta o estado. já estamos conscientes de tal falta? ou é só a carência que nos faz raciocinar assim? é isso, tiraram aquilo que já tínhamos interiorizado pertencer-nos. mas de que se trata? não é só a mim que tiram. tiram a todos. tiram-nos o estado! será que tenho razão? tiram-me a protecção. a mim e aos outros. isso não é bom. o estado é protecção? não estúpido, o estado é a nação politicamente organizada. lá está este (aqui aplicaria um palavrão. evito - só hoje - para agradecer a uma doutora do norte o facto de me ler, o que desconhecia). o tratamento desses  conceitos só estão acessíveis a um décimo dos dez milhôes de portugueses. por esta razão há que usar de pedagogia rasteira para chegar à torre de controlo dos restantes desgraçados que agora estão a chupar no dedo em vez de - com todo o direito - o fazer nas tetas do estado. é o estado tratado a nível popular. também, o que era de esperar de quem ainda não entendeu a função do estado? sim, sou eu! ah, bebi um café. paguei 50 cêntimos. ouça lá, onde está o recibo? um momento, estou a assinar. pronto cá está, demorou porque o carimbo tinha falta de tinta e o gerente tinha ido à casinha. bufo!, não deve ser comigo. pés para que te quero pois ainda apanho com algum malhado. quem me manda ser legalista!
manuelmelobento  

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