segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Rui Rio finalmente mais do que simpático

Um Rui Rio esclarecedor e honesto (o quanto se pode ser em política) foi entrevistado, hoje, por Ana Lourenço, uma jornalista de referência e qualidade que permite aos seus entrevistados apresentarem-se sem estarem sujeitos a alfinetadas, processo muito utilizado por colegas seus. Rui Rio mostrou-se pedagógico quando resolveu apresentar o PSD que ele quer colocar, melhor, recolocar nos "tempos modernos"; um Estado reestruturado pelo perfilhar de um novo 25 de abril, mas sem armas. Isto é, uma revolução de diretorias; um 25 de abril administrativo. Envolver a população no projeto é uma ideia arrojada sem motivar um povo que sempre esteve a leste dos seus desígnios. Pode ser que resulte! Começar por "limpar" o partido é uma opção perigosa dado que há carcaças muito pesadas e que por isso custa muito removê-as. Não pode - segundo ele - reformar-se o Estado a partir de apenas uma fação partidária. São precisos dois terços da Nação representada para mudar as ratoeiras  que o tempo armadilhou  aos ideais de abril. O que Rui Rio disse não é novo nele e em outros, o que é novo foi o modo e a alma com que o disse. Um homem de fé! O que ele transmite nesta "campanha intramuros" é o modo  seguro e sincero como se expressa. É genuíno. É novidade no discurso político a que nos habituaram os candidatos desta democracia que em seu entender está desajustada. Vive longe do povo. Dentro do partido ele quer "acabar com os fiados" que oitenta por cento dos seus militantes ostentam. Só vota quem tiver as cotas pagas. É um risco, pois nessa esfera de devedores muitos poderão não alinhar com esse putativo ostracismo e vingar-se votando no outro adversário. Entenda-se bem que não será um impulsionador do tipo de Santana Lopes quem irá levantar os ânimos da tribo dos social-democratas. Santana já teve o seu tempo de condutor: Vai precisar de reciclar-se e enfrentar o pessoal das câmaras além Lisboa que Rio conquistou ou estão à vez para serem conquistadas. Do discurso nortenho incómodo para alguns social-democratas estatizados, Rio passou para o discurso do entendimento. Rio deu a perceber que não vai ser canja para os adversários da esquerda porque ele quer clarificações entre direita e esquerda. Não é homem de confusões. Se ficar "cá por baixo" mais tempo, aquela imagem de edil do norte com que o quis apresentar certa comunicação social, já era. Esta entrevista de Rio veio alterar em muito a maneira como o víamos. Bem bom, que isto estava muito mortinho. 

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