sexta-feira, 20 de junho de 2014

os juízes do ratton e a escapadela filosófica que lhes tocou bem fundo


bem pagos e com mordomias do tamanho da montanha mágica os juízes do tribunal constitucional estão hoje para a reconstrução do estado português tanto quanto platão para o tirano de siracusa (se não me engano se chamava de dinis - a memória é-me fraca e eu, no passado, bebi muito vinho que segundo dizem faz mal ao repescanso de ideias). trabalham 10 anos e entram depressa na reforma e com uns  tantos petiscos à sua  mesa que até pensamos estar a viver num país celestial que nunca teve um unha de fome como ministro das finanças que depois se fez (ou fizeram-no) primeiro-ministro-presidente-do-conselho-de-ministros. esta comparação é coxa como todas. bom, mas é um começo. os juízes reformam-se com 7 ou 8 mil euros. e há alguns que reformados estão e ainda não atingiram os 40 anos. ou lá perto. não posso precisar. depois há a considerar a composição do seu coletivo. resumindo são os partidos mais fortes quem os escolhe quase todos (acho que são 10). depois inventaram um palavrão: cooptar - cujo significado é de raiz confusa - para explicar como é que depois de escolher os tais 10 são arrebanhados os outros três. quer dizer, os 13 são todos filhos de uma legalidade casual , pois é na assembleia da república que o processo se torna visível. quem quiser perder tempo na investigação do que isto significa vai descobrir uma coisa maravilhosa: os juízes vivem no ócio. calma! calma! o ócio é pai da personalidade de quantos se dedicaram a construir o pensamento reflexivo da antiguidade clássica. eu até que em, ou no princípio poderia admitir que os juízes do ratton não passavam de um braço alongado dos partidos que açambarcaram o poder. só que o patronato desta democracia burguesa que dá pelo nome de ps-psd e muleta voadora ao permitir um luxo realeza a uns quantos dignitários permitiu-lhes tempo de reflexão. ah, e reflexão em gente bem formada (ou que se tornou bem formada) faz dela homens e mulheres pessoas de bem. e ajuizaram em concertação com o belo e o bem. a reflexão encaminha o homem para o bem supremo (perdoem esta baboseira idealista). o homem bom protege o estado e este protege o cidadão (gosto mais desta). e o cidadão torna-se o bem comum. os juízes do ratton, quais filósofos (tiveram tempo de sobra para filosofar à platão) olharam para o estado e permitiram-se - com razão - impedir serem confundidos com os interesses do capitalismo que interfere na formação da república renascida com o golpe militar (?) do 25 de abril de 1974. a república renascida organizou-se à volta de uma lei fundamental que protegia o homem português: a nossa constituição! se pensaram (os centralistas)  manipulá-la , isso foi possível até certo ponto: o tempo de todos os interesses de barriga. só que a formação que advém de longos períodos de reflexão torna o homem de hoje um crítico do ontem e um "república" do amanhã. o homem torna-se cerebral (o caso dos magistrados do ratton) e sem ser visionário (alguém tem de pagar a renda da casa, o pão, a água, etc.) aproxima-se de um conceito de justiça que sai dos palácios para abrir caminho a novos (e)ventos sociais. os partidos são encafuados em sacas de serapilheira e enviados à cobrança. às urnas, quero dizer, onde acabam sempre por se safar dado que como dizia o pançudo inglês que a democracia do voto não sendo o melhor dos regimes seria o melhor dos piores. é aqui que entra o poveco com o voto nas unhas. e ficamos todos fo-di-dos porque o poveco é dado a fé inspiradora que lhe advém de olhar o céu aos domingos através dos vitrais piedosos já que durante a semana está de cachaço na bigorna ou pezunho no pântano. é isso, quando a reflexão é um vírus proveniente do ócio é esperar de tudo. até um bom vírus. será que pode? aquele platão desceu aquela tão comprida magna grécia graciosamente só para pôr de pé uma maluqueira republicana. e é que os séculos ainda o recordam como um dos maiores bons pensadores do planeta. o raio do homem ainda não morreu. anda por aí a chatear a malta de bem... com o bem (dos gregos, claro!).
mmb

nb: na consulta posterior que fiz, dos nomes dos tiranos de siracusa a quem platão tentou educar deu: díon e dionísios. façam favor de investigar.

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