terça-feira, 26 de maio de 2009

CARTA ABERTA A MARINHO PINHO

“Alô Randolf”

Numa determinada cidade dos USA, a Comissão dos Homens Honrados resolveu contratar um pistoleiro justiceiro para acabar com os bandidos que a ponham a ferro e fogo. Assinado o compromisso, o nosso justiceiro começou a abater toda a pestilência que encontrava pelo caminho. Quando chegou a meio da tarefa, a comissão convocou-o para uma reunião e, muito aflita, pediu-lhe para que parasse com a razia. O nosso homem que era um profissional competente não aceitou. A sua palavra era para ser mantida e não queria perder as suas credenciais pois isso prejudicar-lhe-ia em futuros contratos. A comissão perante tal teimosia resolveu procurar outro pistoleiro para acabar com ele. Bem, vejamos quais os pressupostos que levaram a dita comissão a querer que o justiceiro não levasse a tarefa até ao fim e fosse também ele assassinado, já que o enredo daqui para a frente pouco interesse tem. A cidade perdera a trepitante vida nocturna e o que isso trazia de lucro nos impostos sobre o álcool e semelháveis. As profissionais do sexo ao abandonarem os locais de trabalho fizeram cair funestamente os lucros dos hotéis e motéis. Até as farmácias se ressentiram com a falta de venda de produtos apropriados à vida da noite. Os restaurantes ficaram às moscas desencadeando o desemprego no sector. Os agentes imobiliários tremeram com a falta de clientes. Os vendedores de automóveis estavam aflitos com uma frota enorme e inerte nos seus standes. A lagosta apodrecia nos balcões frigoríficos das marisqueiras. As cabeleireiras, na falta de clientela dedicavam-se à má língua. Os médicos-esteticistas pediram transferência para outras clinicas. As marinas deixaram de ter iates atracados. Os traficantes de droga e os accionistas da banca saltaram para outras paragens e aí passaram a gastar somas fabulosas com as suas festas. O casino fechou as portas. Os ladrões emigraram. Os padres deixaram de dizer missa (só as do sétimo dia). Estas foram algumas das razões pelas quais a Comissão dos Homens Horados (composta por políticos, comerciantes, empreiteiros de construção civil, corretores, conselheiros de Estado, magistrados e um bispo da religião oficial) quis ver o justiceiro bem morto de morte lavada. Certo dia uma puta infiltrada fingiu fazer-se ao justiceiro conseguindo levá-lo para a cama onde o assassinou. A cena foi assim descrita por uma jornalista: a puta tinha colocado um revólver debaixo da almofada. Depois de umas cambalhotas ela pôs-se à maneira, isto é, pôs-se por cima. Aproveitando o segundo orgasmo do parceiro meteu a mão na arma e disparou na direcção de um olho ao mesmo tempo que dizia: alô Randolf.
Cuidado Bastonário. Nunca te vires quando ouvires o chamamento alô Randolf...
mmb

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