Basta pensarmos um pouco e acabamos por ficar com a ideia de que as nossas Forças Armadas não vivem entre nós. Notícias muito raras dizem-nos que há militares portugueses na República Centro Africana, no Afeganistão, lá para os lados dos Balcãs, Iraque, preparadas para ir até à Síria para combater o Estado Islâmico e mais uma série de locais que se designam secretos ou lá próximo. Numa pequena olhadela por coisas que dizem respeito às nossas Forças Armadas, detetamos uma notícia que realça a estranheza de um oficial superior ter achado esquisito a não divulgação de uma missão militar com destino a África pelo Conselho Superior da Defesa Nacional. Divulgação de notícias do género eram frequentes por este Conselho. Estamos, pois, perante um distanciamento físico entre a população e as Forças Armadas. Será perigoso estar a Segurança Nacional nas mãos de forças paramilitares, como sejam a GNR, as policias, as tropas especializadas em reprimir levantamentos populares - uma espécie de guarda-costas das eminências que hoje representam os interesses do Estado, infelizmente emparelhado com o empresariado -, e outras que não sabemos o que fazem? A Polícia Judiciária, por enquanto, está fora deste circulo devido à dispersão do crime que assentou arraiais entre nós e que parece incontrolável a quem esta polícia dedica a maior parte do seu tempo ativo. É perigoso, sim senhor, porque Portugal está à beira de prestar contas verdadeiras! Como estamos em festa devido à invasão turística, ao investimento chinês e a um período de austeridade travestida de festa popular não damos conta de que bastará um mau ano para estarmos vis-a-vis com a bancarrota ou a estender a mão aos empréstimos externos a que nos viciámos. Neste momento - e dizem os entendidos - a criação de riqueza dos portugueses não fica por cá; vai toda para fora da "fronteira". Naturalmente, não serão estes governantes-empresários que nos governam quem nos vai salvar do que aí vem como novo ciclo económico. Estamos a um passo de qualquer coisa muito séria. Sem Forças Armadas no terreno o país político ficará desequilibrado e à mercê dos que irão socorrer-se das forças policiais para se manterem no poder à custa de uma democracia de partidos que se colocam acima dos verdadeiros interesses nacionais. É isto que se teme. Somos, hoje, um país civilista, mas isso não impede que tenhamos umas Forças Armadas cá dentro, inteiramente cá dentro, como campeões atentos de um Estado que deve estar vocacionado para ser o intérprete de todo um povo que se quer unido.
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