segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"democratas no hemiciclo de são bento com tanto tempo de permanência quanto o dos seus históricos camaradas do antigo regime"

no estado novo, aquelas caras foram quase sempre-sempre as mesmas. estou a referir-me aos deputados da assembleia nacional refundida  em assembleia da república pelo repúdio que os democratas demonstravam por tudo que cheirasse a salazarismo. quando salazar foi exonerado - por doença - pelo almirante américo thomaz e substituído pelo prof. marcelo caetano a assembleia nacional foi invadida por um pequeno grupo que trouxe sangue novo e a que deram o nome de ala liberal. era uma espécie de revoltosos bons burgueses que lutavam contra a asfixia em que o país vivia em muitas frentes, sobretudo no que dizia respeito ao direito de informar a população na área da política, das artes, das letras, do social (era até proibido aplicar o termo  barraca quando em notícias e artigos de imprensa se referiam a pessoas que viviam em bairros de pobres adjacentes à cidade de lisboa e do porto). já em relação à igreja católica romana, futebol, touros e fado (com letras respeitosas da moral vigente) nada a dizer, pois este conjunto orientava actividades que contribuíam para a alienação das massas, o que era de agrado a quem governava. os deputados da assembleia nacional ganhavam relativamente bem em relação aos funcionários públicos e relativamente mal em comparação aos tubarões da banca, dos seguros e da indústria. melhor dizendo, não se considerava o vencimento de deputado escandaloso. escandaloso era o que defendiam... e aquelas caras - sempre as mesmas -  a aparecer nos televisores e paradas militares. com o golpe dos capitães em 1974 a assembleia nacional levou uma limpeza total e transformou-se em assembleia da república. tomou o nome inicialmente de assembleia constituinte já entregue a grupos políticos que se organizaram em partidos que aprovaram uma constituição que substituiu a de 1933. até ao desaparecimento de almeida santos, por imensa idade, a assembleia da república manteve durante dezenas de anos consecutivos as mesmas caras. quando estas começaram a cheirar a mofo, os partidos resolveram transladá-los para outras esferas da política portuguesa. e foi assim que ex-deputados foram descobertos em centenas de conselhos de administração de organizações que se cooptaram com o estado em negócios esquisitos que a comunicação social vem dando às pinguinhas conhecimento pelo interesse público que ostentam. lá de vez em quando saltam para a ribalta do conhecimento público qual electrões sujeitos à incidência de fotões muitos figurões ex-deputados com elevadas contas bancárias. aliás, deve-se ao trabalho de investigação jornalística o facto de alguns que mexeram muito  mal em dinheiros do estado estarem a ser acusados de má conduta pelas polícias especialistas e magistério público. hoje acusa-se (prof. paulo morais, in cm) muitos deputados de servir e defender interesses de grandes grupos económicos na casa da democracia. a saída dos fósseis foi lenta e programada com os interesses dos que mandam no nosso governo e de quem o nosso governo se apraz servir.
manuelmelobento
jornista
carteira profissional-2754





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