quinta-feira, 24 de outubro de 2013

político rico político pobre


ou analisamos os actores políticos dentro de um quadro específico e a partir daqui a descrição passa a ser um documento construtivo ou, num outro ângulo, misturamos tendências pessoais na narrativa que vai desde um texto apelativo até à crónica fraudulenta, passando pela ingénua, religiosa, autopromotora, imbecil, etc. este texto que se segue pertencerá, obviamente, à segunda categoria, isto porque em portugal quando um infeliz se dedica à análise "positiva" está sujeito - pela ignorância temática da generalidade dos portugueses - a ser estigmatizado ideologicamente. encurtando dizeres: por exemplo, em portugal há duas justiças! uma para pobres e outra para ricos. em portugal há ricos (poucos) e pobres (muitos) nas cadeias. isto quer dizer que os ricos são - oficialmente - mais honestos do que os pobres. estes, são, de facto, muito rapinadores. é fácil chegar a esta conclusão pois os dados são oficiais. para cada rico desonesto enclausurado contra vontade existem 1.756 pobres (por alto e carecendo de confirmação) - dentro, claro está. ora, ser-se rico implica poder pedir justiça sempre que se pense  estar a ser vítima de uma condenação injusta. para isso é preciso pagar. paga-se aos advogados e aos advogados especialistas, a investigadores e peritos, a testemunhas (despesas de alojamento e outras necessárias), transporte de detectives e outros mimos. e quando um rico consegue defender-se contra aleivosias provando a falsidade das acusações faz-se justiça. o pobre apanhado a roubar é acusado de flagrante delito. vai a juízo. que lhe acontece? se a graduação da pena não atingir determinado período de prisão, volta à liberdade, mas sujeito a cumprir o protocolo. por exemplo, tir. que quer dizer qualquer coisa como se tiveres de fugir estás a infringir e deixa-te ficar na residência. como a constituição obriga a que todos tenham habitação supõe-se que os ladrões a possuam. claro, que o pobre ladrão (sim, porque também há o rico ladrão!) sem emprego, com fome e com a família (quase todos a têm) para sustentar vai novamente tentar a sorte. como? roubando de novo! e se for , de novo - apanhado por causa de tuta-e-meia apanha com mais um tir para se ir entreter. quer dizer, a própria lei organizou recursos para pobres sem despesas para eles. isto é justiça indirecta para pobres! há pobres ladrões com muitos tir. o professor/ministro/com emprego certo crato explicaria matematicamente uma coisa assim: x5=10/tir . bem, se não for assim será parecido. por que que é que eu comecei com actores políticos a acabei em tir (medida de coacção aplicada pelas entidades competentes) e a escrever sobre ricos ladrões e  pobres ladrões? na verdade, não sei. mas isto faz-me lembrar certo dia na escola em que um engraxente levou uma régua em osso de baleia para que a mestre-escola punisse todos aqueles que ao conjugar os tempos dos verbos mandassem o "a gente" para uma terceira pessoa do plural e outras gramatiquices plebeias. ora o que aconteceu, para gáudio de toda a turma, é que foi o sacana do doador patrimonial o primeiro a provar as palmatoadas (reguadas, dizíamos) da professora. ah, e a professora era toda ela estado novo... ora se bem entendo quem anda a fazer leis contra todos está a esquecer-se de quando lhe bater à porta a mestra com a régua, também eles vão apanhar de cima abaixo. leis contra os corruptos, contra os ricos ladrões, contra as más gestões, contra o enriquecimento celestial, contra o despesismo fraudulento, leis contra a entrada de dinheiros ilícitos nas tesourarias dos partidos, leis contra nomeações ilegais para cargos do estado ocupados sem concurso, leis que permitem a busca de dinheiros deslavados em paraísos fiscais, despesas ilegais denunciadas pelo tribunal de contas, gastos infundados utilizando cartões de crédito a expensas do estado, viagens irrealizadas pagas pelo erário público, entrega de serviços a clientelas descaradamente feitas com o poder, concursos de obras públicas não regulamentadas, apoios a estruturas privadas sem a aprovação do tribunal de contas que rondam muitos milhares de milhões e que servem para esconder falhas estatais, revisão de contratos feitos à margem do interesse nacional desde que se enquadrem numa figura de má fé, negligência e cumplicidade. quer dizer, portugal tem mais leis que ladrões. isto é, ainda o ladrão não pensou num novo modelo de roubo já as nossas centenas de milhares de leis os aguardam para ser aplicadas (quando der jeito, claro está). até parece que quem as faz, as faz porque conhece todos os meandros da malandrice. mas vai chegar à altura em que haverá alguém que as irá materializar como tem acontecido ao longo da história. e já tarda a mestre-escola... que até era toda estado novo!
mmb

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