quarta-feira, 10 de julho de 2013

o primeiro discurso de estadista de cavaco silva

vou tentar traduzir para tostões a intervenção do prof. cavaco silva.
o mundo político português foi entregue às 20-30 horas de ontem, dia 10 de julho, de mão beijada ao presidente da república. se cavaco não tivesse dito - num infeliz deslize sintagmático - que os seus 10.000 euros mensais não lhe davam para viver com a mulher seria hoje uma espécie de mito à lá sidónio paes, mas vivo. que é hoje a assembleia da república? que é hoje o governo português? quem é hoje o presidente da república de portugal? às primeiras duas questões não responderei. as pessoas que ouço através de programas que emitem a opinião pública todos os dias já me alertaram. cavaco estava metido no mesmo saco até à sua intervenção de ontem. saiu dele limpo (mais ou menos). mais, ficou dono de portugal. como assim? sim, e apenas com umas palavras ditas no tempo certo ou melhor, cozidas a lume do purgatório. agarrou no governo e disse: vocês irão trabalhar até junho de 1914 a bem da nação. depois irei convocar eleições ou o que me parecer  melhor na altura para servir a pátria. espera aí, cavaco disse isso? nem mais nem ontem. nestes dias que antecederam a intervenção do presidente, portas e coelho - sem outra saída que não se fazerem entender através dos partidos - começaram a fazer contas de como é que iam dividir o hipotético poder executivo que o resultado das sondagens feitas ao  povo indica. isto é, o psd queimou-se cá dentro para mostrar lá fora que podia acabar com o desbragado  estado social, que fazia perigar com os custos da sua manutenção o  pagamento obrigatório da dívida portuguesa aos senhores da europa. ao mesmo tempo, os três centristas encantavam pelo seu apego a causas de esquerda católica (do rato). portas de coração aberto e com verve à la padre antónio vieira cativava prováveis recursos. assunção cristas - mais famosa que maria lamas -, passeia-se prenhe de esperanças pelo país alardeando caminhos futuros. ela, mais do que ninguém, acredita no portugal da história, do futuro e dos milagres. mota soares, aquilo é que é amor aos velhinhos (são milhões... de votos), aquilo é que é abraçar alzheimerianos para as câmaras capatarem imagens eleiçoeiras. ora quem vai mandar nas finanças sou eu! sim, disse passos a portas depois de ter cumprido com as promessas que fez.... ao capital internacional. vou continuar a dirigir o mercado externo! sim, disse passos. enfim, quem vai coordenar o executivo até ao fim sou eu, claro com o título de vice-primeiro-ministro. tudo bem disse passos. e disse tudo bem com medo de eleições que os relegaria - ao psd e ao cds - para a fila de espera do hsm e poria a ele passos a confrontar-se com o pedido de contas de quem pagou para o eleger. melhor, investiu nele. reduzidos a prestar serviços de continuidade (tal qual marcelo caetano depois de salazar ter escorregado e batido com o crânio no chão do forte de santo antónio) os dois líderes ficaram presos nos seus jogos. jogos esses em que esqueceram o povo, o território e o sentimento nacional que tarda em despertar. ora o presidente fez um golpe de estado ao reduzir o executivo ao servilismo de cumprir com o que estava determinado e que ele secretamente apoiava. cavaco já não precisa de esconder o que quer para portugal. disse-o claramente a ponto de quem o desobedecer ter de pagar bem caro o descaramento. numa mão meteu a coligação deixando-a paralisada com o fantasma do castigo, da liofilização e da desertificação  política . na outra espremeu o ps de direita e de seguro. só um partido socialista de esquerda que rompa com compromissos capitalistas e se alie à esquerda comunista poderá fazer perigar a estratégia de cavaco. para isso era preciso uma revolta no interior do ps, o derrube de seguro substituído por um homem de esquerda legal e a consequente desestabilização do país organizada pelos trabalhadores. se não houver retoma e o desemprego não for travado a tempo a estratégia cavaquista pode tornar-e inócua e até perigosa. portanto temos um governo que não pode dar um passo sem olhar para as directrizes de belém. o mesmo é dizer que o presidente é a partir do discurso o presidente-governo. e a assembleia, não pode refrear este homem que deu em estadista depois de se ter reformado? não, aquelas centenas de representantes do povo que o povo desconhece estão praticamente no bolso da  sua jaqueta de verão. é aquilo que alguns ignorantes de física chamam de bomba atómica (era de bom tom ler o isac isamov pelo menos...) só bastará a cavaco o  apoio das ainda forças armadas portuguesas para que o poder total lhe seja entregue ao pequeno almoço. à tarde a coisa seria muito, muito séria. e então de noite, nem se fala... tiro-lhe o chapéu: o palácio de belém retomou o seu lugar histórico e o seu verdadeiro esplendor
mmb

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