domingo, 26 de dezembro de 2010

ALERTA DO WIKILEAKS NACIONAL



Atenção a todos os Sem Abrigo: o governo prepara-se para criar nova legislação que vai abranger todos aqueles que tomem espaço na via pública no estado de deitado. Se ficar de cócoras está dispensado de qualquer pagamento. Aos antropómetros seguir-se-á a criação de novas medidas restritivas e respectivos aparelhos.

PS: para além disso, o governo também está preocupado com o movimento de solidariedade entre os pobres. E, nesta perspectiva, já ordenou aos Órgãos de Polícia Criminal para investigarem a proveniência do dinheiro que custeou as refeições anuais e que incidem sempre pela época do Natal, para, como é óbvio, proceder em conformidade. Se são pobres, como é que aparecem com dinheiro? Se este governo tem por objectivo empobrecer o povo, como é possível tal comportamento? Aqui há gato! Há suspeitas fundamentadas acerca da fuga aos impostos pelos pobres! Esta foi uma das razões que levaram, nesta quadra festiva, a que os políticos portugueses só agora se preocupassem com a pobreza. Os pobres andam desconfiados. E com razão.

Paulo Rehouve

Grande repórter

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NASCER DUAS VEZES É SER TÃO SÉRIO QUANTO ANIBAL C. SILVA




Se não me engano não há ninguém sério em Portugal. Por que razão disse o que disse Anibal C. Silva quando confrontado com o senhor candidato Defensor M acerca de actos esquentados ou a esquentar nos próximos tempos? O candidato-presidente não estava habituado a levar nas trombas. É que, se os que o acusam para serem sérios teriam de se inscrever no metempsicose club, já os amigos de Anibal C. Silva - que estão a contas com a justiça - também estarão integrados nessa filosofia oriental mais tarde assimilada por Platão, o grego. Refiro grego porque Sócrates há muitos e é preciso disringui-los. Para Anibal C. Silva assumir não ter de transmigrar espiritualmente (pelo menos duas vezews) seria de bom tom devolver o dinheiro que ganhou com o banco fraudulento. O que ele fez é considerado legal. Ponto parágrafo final. Porém, passear numa rua onde possa estar algum cliente defraudado pelo referido banco pode dar azo a que possa ouvir: o meu rico dinheirinho desapareceu e eu mais meu comprade sabemos onde foi parar. Eu penso que não devolveria o dinheiro que tivesse ganho naquela espécie de dona Branca ( a que foi presa) e digo isto porque não estaria disposto a nascer duas vezes. Porra, com aquilo que já disse do deus do senhor Anibal C. Silva, aquele divino filho da Virgem (estou a falar do deus que foi importado da Palestina) certamente não me deixaria nascer à segunda. Não arriscava. Todavia, a afirmação de ACS permite concluir que ele só nasceu uma única vez. O que, diga-se em abono da verdade, é um feito digno de nota. Só mesmo de Boliqueime. Mas tudo bem! Cristo nasceu duas vezes porque depois de assassinado meteu uma cunha ao Pai e este ressuscitou-o três dias depois. Portanto, só Cristo estaria apto a ser considerado sério e comparável a Anibal C. Silva. Nenhum homem foi tão longe. Nada me admira pois que ACS olhe para o comum dos mortais como pongídeo antropomórfico. Defensor M não devia ter atacado o candidato ACS daquela maneira. ACS já não tem idade para enfrentar aquele tipo de guerra. Neste momento deve estar a passar por uma crise. Porém, este tipo de debate faz parte do regime democrático. Já lá vão os tempos em que as campanhas eleitorais para Presidência da República eram uma espécie de conversa na sala de chá das senhoras Sousas. Este tempo já lá vai.

mmb

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O VETO EM TEMPO DE FOME, O "PENSAMENTO" AÇORÍGENE E OUTRAS MASSAS CEREBRAIS




Antes de me debruçar sobre o veto do Representante de Portugal em Portugal vou transcrever uma situação que nos dias de hoje caracteriza dois terços dos portugueses.

"Está lá, é do Banco?"

"Claro, e então?"

"É para encomendar cinco jantares em vez de três. É que sabe, hoje, é dia de receber e meu comprade e mulher vêm cá a casa jantar."

"Pode aguardar a resposta?"

"Por acaso posso pois o saldo do meu telemóvel ainda tem algum e amanhã recebo o RSI e mais para o fim do mês o Subsídio de Desemprego."

"Pode dar-me o seu número de pobre?"

"O meu número é o 1.700.000, tá?"

"Olhe, o seu pedido estará pronto dentro de meia hora. A dona Zitinha lá do condomínio fechado até acrescentou uma garrafa de azeite..."

"É do que canta há mais de cem anos?

"Claro, nós aqui não brincamos em serviço. Então, tá, que há mais pobres em linha para atender. "

"Pé aqui pé aí, estou a acabar de encher o depósito e já vou indo."

A PRENDA DE NATAL DE ANIBAL DE BOLIQUEIME E O AMOR QUE OS AÇORÍGENES SENTEM POR ELE

O veto do Representante às tropelias do primeiro-ministro açoriano próximo da quadra do Natal foi uma boa prenda política que cai no sapatinho do candidato Anibal C. Silva como uva mijona. Ficava mal ao Representante deixar que os Açores se tornassem mais libertos das garras do colonialismo pois como é sabido Anibal de Boliqueime é um inimigo de autonomias e foi ele que nomeou o senhor general Mesquita para o cargo de controleiro. Era, portanto, lógico que o sátrapa não desgostasse o seu senhor, pois isso significaria o fim do poleiro no Palácio dos Capitães e Mesquita já se habituou ao trono. Desde há muito que o agora recandidato estremece de raiva ao ouvir as aspirações do poveco açoriano - vulgo açorígenes. Tem-se fartado de açoitar estes açorígenes pois sabe que a sua falta de cultura os coloca sempre a seu lado. É sabido que os açorígenes não são muito dados a pensar, pois ao longo dos séculos sempre estiveram de costas curvadas a tratar as terras dos senhores. Até ao 25 de Abril de 1974 nunca, mas nunca articularam a palavra liberdade. É por isso que Anibal de Boliqueime não tem pai nas urnas. Os cabrões dos açorígenes quanto mais porrada apanham, mais votam no candidato anibalesco.

PS: Este país ainda não está à temperatura que permite a revolta. É ver a violência com que actuam as populações da Europa Comunitária quando se revoltam nas ruas contra as medidas de austeridade dos bancos que nos governam. As suas greves são verdadeiras manifestações reivindicativas. Em Portugal, como não podia deixar de ser só quem faz greve ou está reformado ou tem emprego para toda a vida. Basta verificar que os que estão a receber dinheiros do RSI e do Fundo do Desemprego nunca, mas nunca se integram nas manifestações que mais parecem romarias a lugares sacrossantos. Habitam nos cafés e nas tascas!

O wikileaks deu uma da sua graça e nela o Portugal sombrio viu a luz do sol. Uma desgraça que foi de imediato desmentida e com muita força. Até parecia a mulher apanhada em acto adúltero pelo espantado marido a responder assim: meu bem, não é nada disso que você está pensando.

mmb

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O CONSTITUCIONALISMO É UMA ESPÉCIE DE TERAPIA CONTRA A CAQUEXIA




Ainda não tinha entrado no estádio de vigília e já o aparelho de televisão - para além de transmitir muita e indigesta publicidade nos dá a dica para a conversa na hora do pequeno-almoço. Entrou-me quarto dentro quais ares tipo caldeiras (das Furnas) a pronúncia de um muito mediático homem da Constituição à portuguesa. Disse ele que nem os Açores nem a Madeira contribuíam para o orçamento de Portugal. O nosso homem não deve petiscar ninum de extorção histórico-económica. Bem, deixa-me explicar esta entrada: o constitucionalista estava a responder à questão levantada sobre se o regime remuneratório que César tenciona aplicar na Região Autónoma dos Açores é ou não um acto abrangido pela constitucionalidade? Para nós a Constituição portuguesa é tão complicada que o melhor é atirar moeda ao ar para a interpretar no caso de haver dúvidas. Veja-se o caso das escutas e as milhentas interpretações dos chamados constitucionalistas... portugueses. Por esta razão não vou discutir a opinião do septuagenário mediático acerca das voltas que uma administração autónoma quer implementar apoiada pelo sentir dos actuais representantes do Poveco Açoriano. Porém, não posso deixar de dizer o que se segue para memória cultural futura do velhinho simpático que entra nas nossas casas qual missinha difundida pela antiga estação da Igreja antes de a pornografia oficializada ter ocupado o seu tempo de antena: ainda há gente que está viva e que se lembra de uns escroques que atacavam os camponeses açorianos para lhes sacar o milho e o trigo que eles tinham colocado a recato para poderem sobreviver ao longo do ano. Esses escroques eram funcionários da administração central - vulgo sacanagem do Terreiro do Paço. Os cereais serviam para matar a fome aos continentais. Bem, não sei se sabe que este poveco vive dispersado por nove ilhas que até ao ressurgimento do papão do separatismo passava fome e que tinha uma vivência comparada com os explorados enfiteutas da Idade Média. Veio o tal 25 de Abril e juntamente com ele surgiram os movimentos de emancipação dos povos insulares legitimada pela História do Homem Moderno cujos ditames apontam para direitos,liberdades e garantias. É isso que os povos habituados ao colonialismo como modo de vida não percebem. Desde 1415 que é assim. Foi sempre a sacar e não contentes com isso parte do poveco português também se dedicava à escravatura... e para nossa vergonha até em pleno século XX. Mudar mentalidades e comportamentos não é fácil e isso nota-se, pois ao colocar o país na Europa e obrigá-lo a funcionar como país higiénico foi o nosso fim. Bancarrota meu caro. O seu e ainda meu país anda de bancarrota em bancarrota. De corrupção em corrupção. Esta é de tal ordem um modo de vida dos portugueses que ainda há pouco tempo a banca privada golpeou o Estado em milhões de milhões de euros e não vi ninguém chamar a atenção para a constitucionalidade da cobertura que os Órgãos de Soberania lhe fizeram. Não sabe ou não quer saber, mas eu digo-lhe: o Portugal Constitucional, uno e indivisível (esta é para rir) esteve à beira de nos vender (AÇORES) no passado século XX para pagar as suas dívidas públicas. Nós vivíamos em rochedos mal habitados e tínhamos de pagar impostos alfandegários para transicionar produtos entre eles. E esta verba arrecadada servia para encher os cofres do Estado. Os Açores sempre foram explorados e o poveco que o habita de tão habituado a servir não compreende o quanto pode ser livre. Existe, sim, uma classe um pouco mais evoluída, que sabe que a coisa está contaminada pelo espírito de liberdade que é devida a todos os povos. E raios partam aos colonialistas. Vão trabalhar para poderem comer. Desde que para aqui viemos que temos sido chulados, roubados, vilipendiados, enviados para o Brasil como servos da gleba, transformados em tropas assassinas para contento da ganância dos que tomam o poder central, explorados em todos os níveis comerciais. Depois disso tudo ainda se dão ao luxo de falarem por nós sem sequer nos consultarem. Quando mudam de regime impõem-no como se tratasse de um dado adquirido. Alguns de nós já olham para certa classe que tomou as rédeas do poder como mafiosos, mentirosos e trapaceiros sem palavra honrada.

A Constituição portuguesa...

manuelmelobento

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CARLOS CÉSAR E O SEPARATISMO SOCIAL AÇORIANO





Não sei se o regime compensatório que permitiu a Carlos César fazer bonito pode ser considerado um chamamento telúrico ou apenas um ataque para cumprir a agenda contra a desvalorização do vencimento de uma certa classe de funcionários públicos que presta serviço nos Açores. "Inflação" esta fomentada pelo governo de Portugal, dito Central. É um sinal bastante claro - para mim - de que evoluímos em termos de aquisição de uma imagem política assumida e até então desconhecida como prática política . Digo até que se trata de personalidade política. Já cá fazia falta. E digo isto porque os políticos que nos representaram ao longo da nossa História sempre se colocaram de cócoras face aos ditames do já muito gasto e desacreditado centralismo português. Convém perceber que Carlos César não está ali (SANTANA) porque não havia mais ninguém. Engana-se quem assim pensa. César conhece todos os cantos da política regional. Conhece as fraquezas dos açorianos, tanto a dos imbecis (que os há aos montes) quanto a daqueles que estão (já estiveram) nas pontas dos pés. Ele conferiu a si próprio um somar de ganhos e vitórias que a mais ninguém pode ser atribuido. O seu partido (PS) andou de lado a lado e sempre a apanhar bonés quando dirigido por outros. Uma visita ao resultado das eleições da época confirmam esta afirmação. Um dia vimo-lo a dividir e a distribuir o seu particular pecúlio por outros. Quando conseguiu centralizar as atenções sobre si, fácil se tornou avaliá-lo. Daí até o escolherem foi um ápice. Ao mesmo tempo que conquistava o partido ia anestesiando os adversários tornando-os servíveis e agradecidos. As várias estátuas de Mota Amaral e que foram tomando foros divinizáveis ao longo de muitas procissões e missinhas foram derrubadas (figurativo) arrastando consigo nesta dècalage Dâmaso, Natalino - que deu uma de Balsemão - Costa Neves e outros de menor expressão, para darem lugar às de César (figurativo também). Óbvio! Ódios antigos foram mandelados (leia-se de Mandela). Desta pré-reforma socialista (??????????????????????) só escapou Berta Cabral. Como é possível que um poveco virado para a beataria e paganismo se reveja num "socialista"? Um ainda há pouco quase comunista? Um rapazinho imberbe que falava como deputado na Assembleia Legislativa Regional? Eu sei que César é o líder do Partido Socialista, mas de socialista tem tanto quanto a minha saudosa avó Angelina. Mas vamos ao que interessa. Cavaco põe a boca no trambone para chagar César. Até o dr. Jardim sempre ávido a sacar aos portugas o quinhão a que não tem direito delirava com o atrevimento do primeiro-ministro dos Açores, como o trata, hoje, o director do i no editorial. O primeiro-ministro Sócrates também botou palavra de espanto. Ah, ele que até há pouco tempo nos sacou milhões para cobrir falcatruas da banca. E as centenas de pomposos políticos, jornalistas e cronistas que vivem sem fazer ponta de um corno e que se proclamaram contra a compensação remuneratória . Ora, como deve estar a rir às gargalhadas o proclamado (por outrem) primeiro-ministro dos Açores com o maior golpe publicitário feito à sua pessoa? Taco a taco com os órgãos de Soberania. Primeiras páginas, aberturas de telejornais. Oh, meu burro, então não perceberam o golpe? Os Açores sairam reforçados na sua imagem autonómica. César passa a figura de primeiro plano (dentro - reforçando-a - e fora) Não? E se por acaso o Representante da República enviar o "diploma" para o Tribunal Constitucional e este o chumbar? Mais gargalhadas de César ouvir-se-ão lá para os lados de Santana. É que aqui (Açores) não é preciso fazerem-se greves a favor dos inocentes(?) trabalhadorse que vão pagar a crise criada pelos ricos da banca. Aqui, quem os defende é o governo, seus basbaques. O governo da Região! E, cuidado com o que escrevi atrás... o Homem é socialista... Mamã tá vendo!
mmb
mmb

domingo, 5 de dezembro de 2010

SÁ CARNEIRO, O MITO E O SEXO




A ideia que tenho de Sá Carneiro coloca-o no palco do aloucado. Sabe-se que pelo menos, retrocedendo até ao avô, a família fazia cinco refeições diárias e com criadagem à volta dos meninos. Que - os famliares - habitavam em solares imponentes, onde a capela para as rezas se colava para os ofícios religiosos, tipo fidalgos como os da "Casa Mourisca". Sá Carneiro fora criado com personalidade cristã. Era o que estava a dar na altura. Rico, feiote e baixo, mas com força interior que impedia medi-lo no que apresentava, isto é, irradiava dele pessoa bem comida, bem bebida, bom porte, magnetismo, capacidade de se movimentar em qualquer espaço sem ser por ele contaminado, etc. Nascido dentro da teia cristã que tudo dominava, esteve até ao 25 de Abril de 1974 fechado sobre o pensamento e as tolices do Estado Novo que tudo capava à sua volta. Ele era pertença da Igreja. A Igreja fez-lhe a cabeça. Casado e com filhos juntava-se ao grupo de casais por ela orientados, ao gosto de uma burguesia que impedida de praticar política ponha-se a estudar os ditos de Cristo adaptados pelos europeus. Diga-se que melhor do que a ideologia cristã nada havia que contribuisse para a realização pessoal tendo em conta o outro como serviço público. Se não estou em erro, Sá Carneiro só tinha relações sexuais com o fim de procriar. Como comandava a Santa Madre Igreja no seu saber libidinoso, coadjuvado pela prática dos democratas-cristãos chefiados pelo semibeato Adelino Amaro da Costa e pelo austero Diogo Freitas do Amaral. Sá Carneiro era um marcelista, nada mais. Porém, dentro do marcelismo havia lugar para algumas bocas, sempre dentro do protocolo cristão. A diferença entre salazarismo e marcelismo era de que aquele cheirava a mofo e a rato morto com veneno camarário. Ao passo que o marcelismo tinha por lema teórico uma pequena abertura, do tipo buraco da agulha. Sá Carneiro investiu por ele e pediu o repatriamento do bispo do Porto que tinha escrito uma carta pornográfica (1) ao então chefe de governo e foi por este mandado embora do país. Marcelo acedeu, o que lhe deu força moral (cristã , claro). Mais tarde, quando Sá Carneiro entra para a Assembleia Nacional, algo o impele para dar mais um jeito à República autocrática em que nos transfomámos. Não foi bem aceite e "despediu-se". A ele e a outros que alinhavam por uma pequena abertura foi-lhes atribuído o apelido de "Ala Liberal". Podia ser pior, mas foi o que se pôde arranjar. Veio o "25 de Abril" e zás trás. Portugal em vez de tombar, deu um salto mortal. A vontade de destruir era tanta que os novos políticos só pensavam na política de terra queimada. A verdade seja dita, meia dúzia de dias depois do descalabro abrilista, Sá Carneiro juntamente com outras personagens arejadas do marcelismo criaram um partido anti-marxista. Sá Carneiro deu a cara e o peito numa altura perigosíssima para quem não fosse comunista ou socialista-marxista. Parecia um galo da Madeira entre uma cambada de guedelhudos ditos de esquerda e de extrema exquerda prontos a matar. Sim, a matar. Tiro o chapéu a Sá Carneiro, pois sei por que passou, uma vez que vivia na altura em Lisboa e sabia o que era aquela merda, com perdão da palavra. Sá Carneiro, em Lisboa, dá-se com Natália Correia. Pronto, foi o fim da sua virgindade. Natália era uma figura que só se encontra nos sótãos ou em "cabarets". Nos sótãos, nos livros proibidos e poeirentos. Uma mulher de garra, que falava de sexo como quem espreme uma laranja. E fá-lo entoando uma liturgia orgíaca na sua Taberna. Aliás, Natália para além de debochada era uma poetisa de muita audiência dita intelectual que a endeusava pelo despondunor e estouvamento de linguagem. Num período de revolução, Natália, a poeta indigitada como amoral pelo Estado Novo, estava como peixe no seu aquário. Com tal convivência, Sá Carneiro apercebeu-se de que tinha vivido até ali como um asno perfeito. Aquela "esquerda" era gira e o passado rigoroso de missas e encontros religiosos já era. Homem novo e com tesão, uma vez enredado pela poetisa e alcoviteira Natália, caíu que nem um tordo. A Natália vai juntar uma loura boazona, nórdica, educada, culta, charmosa ao ex-rogai por nós pecadores, e pumba. Sá Carneiro ficou vidrado, até parecia que vivia a tripar com charro marroquino. Casado com uma senhora do Porto, feiota mas de boas famílias, o nosso social-democrata não resistiu. Ameigou-se com a bela loura. Entrou em paranoia: confundiu São Bento com um lupanar. Aliás, aquilo foi e é mais ou menos uma casa de passe. Foi lá que Salazar deu umas quecas a uma francesa, também ela loura e não burra. Nada de anormal, portanto. Sá Carneiro para além de fazer amor com a nórdica quis imitar Dom Pedro, que fez da amante rainha (depois de morta, dizem). Meus senhores, comigo é assim, sem a minha amásia não vou para parte nenhuma. Perceberam? Querem? Queremos sim, ó grande líder. Depois desta resposta a loura ficou meio oficializada. Ah, grande Sá Carneiro, que puseste todos os noveis donos da nação a chuparem a presença da nórdica em comemorações e actos oficiais. O pior não era a presença dela, o pior era de que ela era bonita e dava colorido a tudo que a rodeava, bem ao contrário das "esposas" estilo mulher do Américo que a invejavam. Não resisto a contar um pequeno episódio que me fez gostar de Sá Carneiro. Convidado para uma recepção em Londres, onde pontificava Isabel II, respondeu do seguinte modo ao convite oficial que impedia que a loura o acompanhasse: cancelo a visita. Boa, a Isabel II de Inglaterra e de outras terras ocupadas à força, numa rota de colisão que a todos toca, tem mais amantes e escândalos na sua corte (filhos, noras e netas) que qualquer reino africano. A querer fazer-se melhor que o nosso príncipe do Norte, olha para ela! Bem, Sá Carneiro está outra vez nos noticiários. Que utilidade? Penso que ele aparece lá de vez em quando porque os social-democratas estão desunidos. É cada um puxar para o seu lado. Convém que o mito que a maioria já esqueceu sirva ao menos aos pretendentes à liderança que se contenham ou vão para a rua. Para a rua onde Francisco Sá carneiro dispensou a mediocridade.

mmb

(1) - Porque atentava contra a pureza do Estado Novo.